quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Centenário de Carlevaro - última parte... entrevista com Prof. Antônio Guedes

English:
 http://musicacontemporaneaparaviolao.blogspot.com.br/2016/12/last-part-special-edition-carlevaro.html
Español:

 http://musicacontemporaneaparaviolao.blogspot.com.br/2016/12/centenario-de-carlevaro-ultima-parte_28.html

Assim foi temperado o aço, diz o título de um velho romance operário. Assim foi temperada a técnica e a concepção de interpretação de Antônio Guedes. É interessante verificar como a vivência de um homem se projeta em sua realização (...) Em Antônio Guedes, o metalúrgico, admiro o homem e o artista, numa só pessoa”.
(compositor Gilberto Mendes)


Entrevista com Antônio Carlos Guedes de Oliveira (1937), violonista, professor, natural de Capivari (SP-Brasil). Foi aluno de Isaías Sávio (1958-1964) e Henrique Pinto. Em 1960, venceu, entre 35 concorrentes, o Concurso de Conservatórios do Estado de São Paulo, patrocinado pela Giannini. Foi solista em várias apresentações, inclusive no Teatro Municipal de São Paulo (1964). Obteve uma bolsa para estudar com Abel Carlevaro (1980). Entre seus ex-alunos, destacam-se Fabio Zanon e Luiz Mantovani (Brazilian Guitar Quartet). Tudo isso junto a uma vida de metalúrgico profissional. Entrar em contato com o prof. Guedes é sempre muito bom, é como chegar a um porto seguro depois de tanta tempestade. 2016 está terminando, deixemos então que ele nos guie em segurança para 2017.


(Teresinha Prada) Em 2016 estamos comemorando o Centenário do nascimento de Abel Carlevaro. A relação de Carlevaro com o Brasil foi muito marcante. Qual é o legado para os violonistas brasileiros em geral, na sua opinião?

(Prof Guedes) Bom, falar no Maestro Abel Carlevaro sem ter um breve histórico do violão é meio vago. Então podemos iniciar com Carulli e Carcassi, dois grandes pedagogos, formados em música geral na Escola Italiana. Por música geral entenda-se Teoria, Harmonia, Composição, Instrumentação, conhecimento geral dos instrumentos da época etc., e que migraram para o violão, que na época era um mercado novo na Europa e faltavam professores. Depois temos o quarteto de gigantes ou os quatro pilares do violão: Sor , Giuliani, Aguado e Coste, com seus métodos e obras, que até hoje fazemos. Aliás , quem não fez os 25 estudos do Carcassi (opus 60)? Que foi na época como é agora os 12 Estudos do Villa. Depois veio a vez dos virtuosos, Regondi, Mertz, Legnani, Zani de Ferranti, culminando em Tárrega, que deixou uma herança didática importantíssima com alunos como Llobet, Pujol, Sainz de La Maza, Josefina Robledo e tantos outros, que fixaram residência em outros países. Bom, com Tárrega temos duas coisas importantes que aconteceram: primeiro, a influência na construção do violão moderno ou guitarra Torres La Leona; segundo, as transcrições, que é o tema atual onde precisamos de mais dedos para tocar peças que vem de outros instrumentos. Então quando apareceram em salas de concerto Segovia, Barrios, Llobet, Yepes tocando repertório pesado com transcrições difíceis – em que a técnica básica normal não dava conta de tudo, pois o virtuoso Tárrega elevou o repertório do violão de transcrições –, a coisa mudou de rumo e era preciso resolver, além do problema musical, o problema técnico instrumental das mãos também.
No caso, sabemos que Tárrega foi pianista de profissão e o violão era hobby, mas atendendo ao diretor do conservatório onde se formou passou a ter o violão como instrumento principal e o piano como secundário, por isso ele transcreve tão bem que quem estuda bem o violão, toca as transcrições dele normalmente. Percebemos também que quando vamos tocar  transcrições de alguns violonistas famosos não conseguimos o domínio desejado da  obra em questão, isso se deve ao fato de que o transcritor  conhece bem o instrumento de chegada, mas não conhece bem o instrumento de partida. No caso do Tárrega – é obvio – ele conhecia bem o de partida e o de chegada. Então aí entra a obra do Mestre Carlevaro, dando uma nova direção técnica na mobilidade das mãos, um trabalho disciplinado com exercícios sobre todos os aspectos conhecidos, criando um manual de exercícios e fórmulas práticas que atende aos estudantes do violão que querem tocar com segurança e domínio do instrumento. Esta nova técnica, dividida em quatro volumes e um manual com muitos itens técnicos, tem quase todas as possibilidades de como resolver problemas musicais  com exercícios práticos, e direcionados com fórmulas e toques em geral, este é o grande legado do mestre Abel Carlevaro.
             
Fale-nos sobre Abel Carlevaro – qual foi a primeira vez que ouviu falar dele, foi por meio de quem, do Henrique Pinto talvez?

Bom, quando estudava com o maestro Isaías Sávio, havia entre os violonistas, informações boca-a-boca sobre todos os melhores violonistas da época e seus trabalhos. Como o maestro era muito bem informado, pois recebia  partituras, cartas e livros do mundo inteiro, ele nos informava de tudo o que sabia, pois não tínhamos a informação de hoje, aliás copiava-se partituras a mão todos os dias, não tinha xerox; cresci nesse tempo, trabalhando em metalúrgicas: Ford, Krupp, Volkswagen. E tinha  uma coisa muito importante nessa época: é que professores eram muito respeitados e alunos obedeciam, toda a informação era muito bem-vinda e cumprida à risca. Nessa época o maestro Sávio falava muito em Llobet, Segovia, Maria Luisa Anido, Narciso Yepes, e tinha um tratamento especial quando falava no Carlevaro, considerando-o como um virtuoso moderno, mas que na realidade foi um grande estudioso do violão, pois pelo que sei, Carlevaro  e Segovia trabalharam por mais de 10 anos, período em que o mestre Segovia viveu no Uruguai, quando houve a Guerra Civil de Franco na Espanha.
Desse trabalho resultariam quatro livros de técnica e um manual explicativo dessa nova maneira de fazer exercícios. Um belo dia o maestro Sávio me convidou para ir à noite em seu apartamento ouvir um Long-Play com a gravação dos Cinco Prelúdios de Villa-Lobos, que chegou do Uruguai trazido por seu irmão Alberto Sávio, que por sinal também tocava violão muito bem. Foi aí que ouvimos pela primeira vez os Cinco Preludios por Abel Carlevaro. Estávamos mais ou menos em 8 ou 10 pessoas entre alunos e familiares do Maestro, reunidas na sala do apartamento dele na Avenida São João. Esse foi o primeiro contato que tive com o trabalho do maestro Carlevaro, isto ocorreu por volta dos anos 1962 – 1963. Bom, minha impressão, e que guardo até hoje na memória  sobre a gravação, é que soou tudo tão exato, com passagens e frases  perfeitas, pois na época o violão era tocado mais livre com muitos rubatos e maneirismos, onde cada um tinha seu jeito de tocar, as leituras de um modo geral não eram tão exatas, muito diferente de hoje. A nossa referência maior eram as gravações do Segovia, que todo mundo queria imitar.
Hoje vejo que com Carlevaro começou a mudar o modo de ver e pensar o violão, deu início a uma nova era, ou seja a era Carlevariana, do qual sou adepto até hoje. Do seu método e obras podemos afirmar  mais uma vez que a obra vence a morte, como escrito por Platão, citado pelo mestre Isaías Sávio, numa pequena biografia em seu álbum de 12 peças do grande Francisco Tárrega.


E a experiência de conviver com Abel Carlevaro como aluno dele? Em que época da sua atuação isso aconteceu? O senhor recebeu um prêmio, não é? Fale-nos a respeito dessa oportunidade.

Bom, é uma longa história, mas dá para resumir. Quando na retomada dos meus estudos de violão, ou seja quando eu quis me reciclar de tudo, podemos considerar isso como fases da vida, porque chega um momento em que você não está feliz com o que sabe e com você mesmo, e isto acontece com a maioria das pessoas que fazem ou levam alguma coisa a sério, seja trabalho, estudo, arte..., no meu caso era a música. Em 1977, havia passado 10 anos que estava sem professor, tinha me desligado das aulas com o maestro Sávio, eu continuava estudando sozinho, mas girando em falso, não progredia. Uma loja de música em Jundiaí (Só Som) anunciava muitas partituras novas da Editora Ricordi. Fui fazer uma visita à loja e comprei o livro de arpejos do professor Henrique Pinto; quando comecei a ler o livro fiquei surpreso em ver quanto estava defasado no violão; nesse livro percebi que se tocarmos 10 fórmulas por dia com todas as indicações de ritmos e acentuações, levaremos uns 50 anos para tocar tudo. Percebi também a grandeza do estudo do violão, e tinha que resolver este problema estudando com o professor Henrique Pinto. Sabia que Henrique havia sido aluno do Sávio na minha época de estudo e até participamos de recitais juntos, tocando cada um várias peças. Sabia também que Henrique tinha estudado na Espanha com o então famoso professor José Tomás, assistente do maestro Segovia em masterclasses uma vez por ano na Espanha.
Entrei em contato com Henrique, dizendo que queria fazer uma reciclagem e ele me atendeu prontamente. Com Henrique comecei pelos 25 Estudos de Carcassi com muita dedicação e tive um progresso muito rápido, tanto que em 1979 já estava com um repertório novo para apresentação, pois quando começamos a primeira coisa que Henrique fez foi descartar o repertório antigo. Trabalhamos nesses dois anos peças de Dowland, Bach, Sor, Torroba, Tárrega, Albeniz, Villa-Lobos, Barrios etc.. Na década de 80, havia um movimento muito grande do violão, onde Henrique promovia muitos recitais, em São Paulo e Santos. Esses recitais eram muitas vezes divididos por dois violonistas ou duo de violão com outros instrumentos. Me lembro que na Nova Acrópole, os recitais eram semanais, juntos com os da Santa Casa de Santos.
Foi um tempo muito bom para o violão, pois as apresentações lotavam sempre. Numa dessas apresentações, Henrique me pediu para fazer um recital solo, que é aquele famoso recital em que acertei 90% do que estudei, e nessa apresentação estava presente o Mestre Gilberto Mendes, o qual fez aquela crítica no jornal ( “Assim foi temperado o aço...”) , senão me engano é uma citação russa, muito usada pelos comunistas brasileiros da época. Como as apresentações eram sempre aos sábados , eu precisava folgar na sexta para ficar com as mãos mais leves, dois dias sem pegar em ferramentas, só tocando, daí eu teria mais segurança no toque do violão. Foi então que conversei com o meu gerente, propondo trabalhar num sábado anterior e folgar na sexta seguinte, resultando em dois dias para me preparar melhor; o gerente concordou e ficou assim combinado. 
Como disse, o recital foi muito bom, saíram boas críticas nos jornais, coisa que não existe mais, pois estamos regredindo em tudo – o que é uma lástima, a pessoa estuda bem, sabe o que faz, mas não é reconhecido. Quando retornei ao trabalho e mostrei o jornal aos colegas, amigos e ao gerente  também, ele ficou entusiasmado e me falou que sua esposa, quando jovem, tinha estudado guitarra clássica na Alemanha. Foi daí que surgiu a ideia dele de fazer um recital no dia das secretárias, 29 de Outubro, somente para gerentes e secretárias na Krupp Campo Limpo S/A. Bom, dei o recital que foi gravado em fita cassete e enviado para a central da Krupp no Rio de Janeiro, onde fica a diretoria geral, para apreciação. Bom, pelo que me contaram, ficaram espantados em saber, e ouvir, que um funcionário deles sabia tocar um instrumento difícil, com habilidade e música de alto nível, pois toquei Bach, Scarlatti, Tárrega, Granados, Torroba, Villa-Lobos, e de bis Sons de Carrilhões (João Pernambuco). Sei que, um belo dia em novembro do mesmo ano 1980, meu gerente me chamou e me falou se eu queria um cargo, pagamento por tocar etc., então falei que não queria dinheiro ou cargo, queria sim estudar mais, aprender, ter mais conhecimento no violão, para poder passar para meus alunos quando me aposentasse, pois eu já dava aulas aos sábados desde 1971 na Escola de Música Pio X, escola que dou aulas até hoje. Então a diretoria da Krupp contatou uma faculdade na Espanha, para ver se eu poderia fazer um curso de violão, mas eles exigiam que eu tivesse um curso superior de música e eu só tenho o Conservatório Gomes Cardim de Campinas, então não servia. Daí surgiu a ideia de um curso de um mês no Uruguai com o maestro Carlevaro,  justamente porque eu tinha um mês de férias para tirar na Krupp, e deu tudo certo. Então mandei uma carta ao maestro, contando de meu curriculum, que me aceitou de imediato. Lá fui ao Uruguai com passagem paga ida e volta e hospedagem, só paguei aulas e alimentação. Me apresentei ao maestro com mais alunos na sala, tinha argentinos, uruguaios, franceses, americanos etc., cada um tocou uma peça e no final ele comentou vocês são estudantes de faculdade, passam o dia estudando música e esse homem trabalha em uma factory, fábrica, tive a impressão que ele falou bravo por não ter gostado do que ouviu, aí ele me chamou para tocar o Recuerdos... , então todos me cumprimentaram e eu fiquei muito feliz, depois perguntaram como estudava, quanto tempo por dia, coisa que cada um tem que achar o seu tempo disponível para estudar, mas temos que estudar todos os dias.
Na primeira aula foi quando ganhei a confiança total do maestro, pois ele me perguntou que repertório queria fazer e respondi que não fui lá para fazer repertório e sim os quatro livros de técnica dele, pois com isso iria progredir e ensinar os meus alunos. Nesse instante nosso elo ficou muito maior, porque ninguém quer ensinar, todos querem tocar bem, só que eu queria ensinar o melhor possível. Fizemos os quatro livros inteiros num mês com duas aulas por semana, que passou muito rápido. O mês de janeiro de 1981 ficou marcado na minha vida como um tempo muito bom em que vi e aprendi coisas que não esperava aprender, ficou marcado na minha lembrança a figura do maestro Carlevaro como uma pessoa de alto valor moral, conhecedor profundo do instrumento e música em geral, exato, sensato, cordial, humano, preocupado com tudo e com todos, sonhava com um mundo melhor, obreiro, enfim um ser humano exemplar, que tive o prêmio de conviver por um mês.

Em sua percepção, como foi a assimilação da escola de Carlevaro na sua performance musical?

Como sempre procurei estudar o melhor possível dentro da minha capacidade, não foi difícil assimilar a escola Carlevariana, pois em um mês fiz os quatro livros inteiros, para minha surpresa e do maestro, pois quando na primeira aula ele me perguntou que repertório queria fazer, e respondi que queria fazer a escola dele, então  daí começou a  integração entre mestre e aluno, que até hoje tenho como um tempo de ouro no meu aprendizado. Sempre quando se faz a mesma coisa  pela segunda vez, você adquire um certo domínio sobre o mesmo serviço, aprendi isso em fábricas fazendo peças, por 37 anos, pois comecei em oficinas com 12 anos e me aposentei com quase 50 anos, e no violão comecei com 15 anos, e estudo até hoje. Se você souber administrar seu tempo, você faz qualquer coisa que queira. Na música, no trabalho, nos estudos em geral, seja matemática, física, química, biologia, línguas, história, geografia, ciências humanas etc.: a repetição com inteligência é a mãe do conhecimento, e quem tem a técnica faz a arte. Bom, se você levar em conta que os fundamentos do violão são, basicamente, arpejos, escalas e ligados, e se você trabalhar bem estes três fundamentos, terá capacidade de resolver outras coisas como trinados, ornamentos, aberturas, explosão nas escalas, e até resolver o que chamamos hoje de trinos em cordas duplas, que são técnicas para usar em Bach, Scarlatti etc.. Então suas mãos vão adquirindo memória muscular, habilidades motoras, certezas de movimento e a famosa “certeza de toque” que é quando você tem uma segurança total numa passagem ou trecho musical, ou seja quando você nunca erra aquele trecho. Vou dar um exemplo: aquela subida e descida em ligados do Estudo 1 de Villa-Lobos. Tem uma outra coisa que acontece com um bom treinamento, que  é você deixar a mão resolver um problema de uma passagem ou troca de dedos, isso é muito comum nas escalas principalmente na mão direita, se você tenta colocar tudo certinho com a vista, quando vai tocar, e dá errado; deixe a mão resolver o problema, isso se ela foi bem orientada, porque se você quando inicia o estudo do violão e toca sem alternar dedos, toca tudo sem uma lógica biológica, principalmente na mão direita, vai ter problemas a vida inteira.
Lembro muito bem da primeira aula com o maestro, toquei Pavana do Tárrega; ele viu, ouviu e disse:  Guedes, na mão direita não se mexe nunca, vamos trabalhar a mão esquerda. Então foi um alívio, pois o livro n.º 2 passamos bem e rápido e sem dificuldades, mesmo naquelas fórmulas com repetição sincopadas do polegar, que por sinal são difíceis. Outra coisa sobre o livro 2, ele não gostou daquela diminuta fixa, então ele fez no meu livro uma escalinha de baixos igual ao dos arpejos do Curso Progressivo do Henrique Pinto, ele concluiu que aquela diminuta prolongada trava a mão esquerda. Bom acho meio complicado tentar descrever aqui tudo o que aprendi, pois muitas coisas só sei passando com o violão.

Hoje em dia podemos assistir a vários vídeos na Internet na qual Abel Carlevaro aparece se apresentando com mais de 80 anos de idade. Entre 2013 e 2014 o senhor gravou e lançou em várias cidades o seu CD “Guedes toca Tárrega”. Como obter essa longevidade na performance? Nisso também estão contidos os preceitos do Carlevaro?

O sono, a vida regrada sem excessos também ajuda na longevidade, assim como uma alimentação bem balanceada é fundamental, como sempre se ouve, tudo tem que estar bem equilibrado. No caso do CD, foi uma coisa meio "imposta" por Zanon, pois um belo dia recebo um e-mail dele me propondo gravar um CD para marcar um registro da minha passagem no violão aqui na terra, pois até então tinha somente pequenos registros de audições e alguns vídeos, dos quais não como um trabalho de estúdio; você sabe muito bem o que é uma gravação, tem que estar tudo bem tocado e repetir bastante, aliás depois que se faz uma gravação, você começa a aprender a estudar, com outra percepção, ou seja ouvir mais aquilo que toca, e desenvolver autocrítica, pois nunca está bom, sempre pode melhorar. No caso da gravação das peças de Francisco Tárrega, fui “contaminado” quando tinha mais ou menos 12 anos, por um maestro de Banda de Coreto, José Favoto, que morava perto da minha casa em Capivari; ele me via sempre no portão de minha casa com um violão ou cavaquinho do meu pai, que era seresteiro e acompanhava tudo de ouvido. Um belo dia ele passou e me mostrou uma foto do Tárrega, num método antigo que tinha... é aquela famosa foto que tem em todos os métodos quando se trata de Tárrega, e me disse: esse foi o maior violonista de todos os tempos. Foi um impacto tão grande, que até hoje vejo aquela imagem na minha mente. Bom, essa gravação fiz na Faculdade Cantareira em 2007, com a supervisão de Zanon e (Ricardo) Marui na parte técnica e um trabalho especial de Amadeu Rosa e Fabio Zanon no acabamento musical. Estas são pessoas que considero como filhos e que não mediram esforços para completar o trabalho, e se empenharam bastante na minha primeira e única gravação.  A escolha das obras de Francisco Tárrega para gravação se deu pelo motivo que sempre toquei em recitais obras suas, então como sempre tive em meu repertório mais ou menos de 30 a 40 peças dele entre estudos, peças e transcrições, não foi difícil escolher 16 peças para gravar numa boa, sem crise, com tranquilidade; foram 4 quartas-feiras e em um mês estavam feitos a gravação e os takes.
Então a gravação ficou guardada por 6 anos  esperando a oportunidade de ser lançada. Em 2013, a secretária de cultura de Jundiaí, Dona Penha, que por sinal fez um trabalho muito bom na sua gestão, criou uma lei de incentivo à cultura com prêmios na cidade, onde qualquer atividade artística poderia concorrer – música, dança , coral, teatro etc.. Então dois amigos meus, o violonista Daniel Mota e sua esposa Heloisa da Silva Oliveira, que trabalha na área de promoções artísticas, conversaram com Fabio Zanon para lançar meu CD; na apreciação da comissão julgadora, a qual tinha dez classificações, meu CD ficou em primeiro lugar, dando um prêmio de 1000 CDs e 3 apresentações na cidade. Do CD podemos perceber que não foi gravado por gravar, mas sim um trabalho que faço há pelo menos 50 anos, tocando essas mesmas  peças, obras que fluíram normalmente sem crise alguma, tiro por base o Recuerdos de Alhambra que já toquei mais vezes do que os Demônios da Garoa tocaram Trem das 11. Acho que a melhor apresentação que fiz em recitais do Tárrega foi quando toquei no MASP (Museu de Arte de São Paulo), nos programas que Henrique fazia aos sábados à tarde; foi um dia de glória para mim, deu tudo certo, posso afirmar que é muito raro acontecer.

E o que o senhor percebe como aquilo que mais se relaciona com Carlevaro em seu trabalho como professor de violão? Preparação de exercícios de técnica dirigida, tabelas de exercícios, enfim uma organização de material didático?

Como professor de violão ou de qualquer outra atividade de aulas, a primeira coisa que  o professor  tem  que ter é um grande prazer em ensinar, e ter também o máximo de conhecimento daquilo que vai passar para os outros, ou seja conhecimento amplo dos fundamentos. Não adianta nada você querer ensinar sem saber bem os fundamentos daquilo que vai ensinar, ainda assim tem muitos fundamentos superados que devem ser abolidos. Todos querem ensinar com boa vontade, mas, se sabe pouco de nada adianta – só vai retardar o processo do aprendizado do aluno. O violão é um instrumento curioso, pois você faz pouco no instrumento e engana bastante, ao contrário do violino, como não é temperado, não dá para enganar. Se em três anos o aluno não mostrar a que veio, acho que pode mudar de instrumento ou área. O aluno tem que aprender mais do que o professor ensina, mas para que isso aconteça o professor  tem que dar elementos de evolução para os alunos.
Tendo aulas com  o professor Carlevaro, aprendi que primeiramente o professor tem que tocar para ter a experiência real e prática de como fazer as coisas. Outra coisa que me dizia sempre é nunca colocar pensamentos negativos na cabeça, estudar com muita atenção as passagens difíceis e nunca depreciar as mais simples, pois é ali que mais erramos. O estudo da técnica deve ser adquirido passo a passo, para tocarmos o melhor possível. Se você analisar, nunca está bom, sempre podemos melhorar um trecho, uma peça, estudo e até o próprio exercício. A técnica dirigida ou técnica específica para cada obra é quando já fizemos todas as técnicas de fundamentos, isto é aquelas que vêm nos métodos, a famosa técnica pura, que pode ser em forma de lições também. Depois que você fizer os métodos com lições e leitura consolidada, você pode começar na técnica do Carlevaro – vou fazer um paralelo: quero aprender tocar no violão de 7 cordas, primeiro estudo o de 6 cordas.

Bom, vamos dar um exemplo de como estabelecer um roteiro técnico:
1-  adquirir uma agenda que pode ser um caderno
2- marcar dia a dia tudo o que estou fazendo
3- estabelecer um horário para cada atividade técnica
4 - estabelecer um horário para os estudos
5- estabelecer um horário para as peças
6- estabelecer um horário para a manutenção do repertório
7- estabelecer um horário para memorização de peças novas
8- tudo isso não pode passar de 3 horas diárias
9- essa agenda pode ser semanal
10- trabalho mental sem instrumento, que pode ser o dia inteiro

Técnica
Arpejos – Escalas – Ligados – Saltos – Ornamentos – Exercícios etc..
Para ter um apanhado geral de como colocar todos esses elementos técnicos durante a semana, é preciso que aluno e professor administrem esse trabalho, que não é fácil, dada a complexidade da existência de muito material, horário disponível e prioridades do aluno.
Um material muito bom é do professor Eduardo Castañera, que é na verdade um resumo dos quatro livros do Carlevaro, sintetizado numa apostila da coleção Toque de Mestre, editora hmp.



Mais:

Video Prof Guedes Recuerdos de la Allambra


CD Recuerdos - Guedes toca Tárrega




Centenário de Carlevaro ...última parte ... entrevista Maestro Antônio Guedes


Así se templó el acero, dice el título de una antigua novela obrera. Así se templó la técnica y la concepción de interpretación de Antônio Guedes. Es interesante ver cómo la experiencia de un hombre proyectase sobre su logro (...) En Antônio Guedes, metalúrgico, admiro el hombre y el artista, en una sola persona.
(compositor Gilberto Mendes)


Entrevista a Antonio Carlos Guedes de Oliveira (1937), guitarrista, profesor, nacido en Capivari (SP-Brasil). Fue alumno de Isaías Sávio (1958-1964) y Henrique Pinto. En 1960, ganó, entre 35 competidores, la competición de Conservatorios de São Paulo, patrocinado por Giannini. Fue solista en muchas presentaciones, incluyendo en el Teatro Municipal (1964). Obtuvo una beca para estudiar con Abel Carlevaro (1980). Entre sus antiguos alumnos, se destacan Fabio Zanon y Luiz Mantovani (Brazilian Guitar Quartet). Todo esto con una vida de metalúrgico profesional. Contactar con el prof. Guedes es siempre muy bueno, es como llegar a un puerto seguro después de tantas tormentas. 2016 está terminando, dejamos entonces que él nos guíe con seguridad a 2017.



(Teresinha Prada) En el año 2016 estamos celebrando el centenario del nacimiento de Abel Carlevaro. La relación de Carlevaro con Brasil era muy importante. ¿Cuál es el legado para los guitarristas brasileños en general, en su opinión?

(Prof. Guedes) Bueno, hablando en Maestro Abel Carlevaro y sin una breve historia de la guitarra es un poco vago. Entonces podemos comenzar con Carulli y Carcassi, dos grandes maestros, entrenados en la música en general en la Escuela Italiana. Por música en general significa Teoría, Armonía, Composición, Instrumentación, el conocimiento general de los instrumentos de la época etc., y que emigraran a la guitarra, que en ese momento era un nuevo mercado en Europa y carecía de maestros. Entonces, tenemos el cuarteto gigante o cuatro pilares de la guitarra: Sor, Giuliani, Aguado y Coste con sus métodos y obras que hoy hacemos. Además, ¿quién no hizo los 25 Estudios de Carcassi [opus 60]? Eso fue en aquel momento lo que es ahora los 12 Estudios de Villa-Lobos. Luego llegó el turno de los virtuoses, Regondi, Mertz, Legnani, Zani de Ferranti, culminando en Tárrega, que dejó un importante patrimonio didáctico con estudiantes como Llobet, Pujol, Sainz de la Maza, Josefina Robledo y tantos otros que han establecido residencia en otros países. Pues bien, con Tárrega tenemos dos cosas importantes: en primer lugar, su influencia en la construcción de la moderna guitarra Torres La Leona; en segundo lugar, las transcripciones, que es el tema actual en el que necesitamos más dedos para tocar piezas que provienen de otros instrumentos. Así que cuando surgieron en las salas de conciertos Segovia, Barrios, Llobet, Yepes ejecutando pesado repertorio con transcripciones difíciles - donde la técnica básica normal no dio cuenta de todo, porque el virtuoso Tárrega alzó el repertorio de la guitarra de transcripciones - la cosa cambió de curso y hubo que resolver además del problema musical, el problema técnico instrumental de las manos también.
En este caso, sabemos que Tárrega era pianista profesional y la guitarra era un hobby, pero en vista del director del conservatorio donde se graduó tomó la guitarra como instrumento principal y piano como secundario, por lo que transcribe tan bien que así que los que estudian de verdad la guitarra, tocan sus transcripciones normalmente. También vemos que cuando ejecutamos transcripciones de algunos guitarristas famosos no se consigue el dominio deseado de la obra en cuestión, esto es debido al hecho de que el transcriptor sabe del instrumento de la llegada, pero no conoce el instrumento de partida. En el caso de Tárrega – por supuesto – sabía de los de salida y llegada. Luego viene el trabajo del Maestro Carlevaro, dando una nueva dirección técnica en la movilidad de las manos, un trabajo disciplinado con ejercicios en todos los aspectos conocidos, la creación de un manual de ejercicios y fórmulas prácticas que atienda a los estudiantes de guitarra que quieren ejecutar de forma segura y con dominio del instrumento. Esta nueva técnica, dividida en cuatro volúmenes y un manual con muchos elementos técnicos, tiene casi todas las posibilidades de cómo resolver los problemas musicales con ejercicios prácticos y orientados con fórmulas y avisos en general, este es el gran legado del maestro Abel Carlevaro.

Cuéntanos sobre Abel Carlevaro - ¿cual fue la primera vez que oíste acerca de él y a través de quienes, Henrique Pinto, tal vez?

Pues bien, cuando aun estudiante con el Maestro Isaías Savio, entre los guitarristas había información boca-a-boca acerca de todos los mejores guitarristas de la época y sus actividades. A medida que el maestro estaba muy bien informado, que recibia partituras, cartas y libros de todo el mundo, informaba a nosotros de todo, porque no había disponible la cantidad de información de hoy en día – de hecho, copiábamos a mano las partituras todos los días, no tenía xerox ; crecí en ese contexto, trabajando en metalurgia: Ford, Krupp, Volkswagen. Y tenía una cosa muy importante en esta ocasión: es que los maestros eran altamente respetados y estudiantes obedecían, toda la información era muy bienvenida y cumplida a la letra. En ese momento el Maestro Sávio mucho hablaba de Llobet, Segovia, María Luisa Anido, Narciso Yepes, y tenía atención especial cuando hablaba de Carlevaro, considerándolo como un virtuoso moderno, pero en realidad era un gran estudioso de la guitarra, como lo sé, Carlevaro y Segovia trabajaron durante más de 10 años, durante los cuales el maestro Segovia vivió en Uruguay, cuando se produjo la Guerra Civil de Franco en España.
Del este trabajo resultarán los cuatro libros técnicos y una guía explicativa de esta nueva forma de hacer ejercicios. Un día el maestro Sávio me invitó a ir por la noche en su apartamento escuchar un Long-Play con la grabación de los Cinco Preludios de Villa-Lobos, que llegaron desde Uruguay llevado por su hermano Alberto Sávio, que por cierto también sonaba muy bien a la guitarra. Fue entonces cuando oímos por primera vez los Cinco Preludios por Abel Carlevaro. Estábamos en cerca de 8 o 10 personas entre estudiantes y la familia del maestro, reunidos en su habitación en la Avenida São João. Este fue el primer contacto que tuve con el trabajo del maestro Carlevaro, en torno a los años 1962-1963. Bueno, mi impresión, y sigo hasta hoy en día con la memoria de la grabación, es que sonaba todo tan preciso con pasajes y frases perfectas, porque en aquel momento la guitarra se ejecutaba más libre con muchos rubatos y manierismos, que cada uno tenía su estilo, las lecturas en general no eran tan precisas, muy diferente de hoy. Nuestra mayor referencia eran las grabaciones de Segovia, todos deseaban imitarlo.
Hoy veo que con Carlevaro comenzó a cambiar la forma de ver y pensar la guitarra, comenzó una nueva era, es decir, la era Carlevariana, de la que soy adepto hasta hoy. De su método y obras, podemos decir una vez más que el trabajo vence a la muerte, como he escrito Platón, citado por el maestro Isaías Sávio, en una breve biografía en su álbum de 12 piezas del gran Francisco Tárrega.

¿Y la experiencia de convivir con Abel Carlevaro como alumno de él? En que momento de su actuación esto sucedió? Ha recibido un premio, ¿no es así? Cuéntanos acerca de esta oportunidad.

Bueno, es una larga historia, pero se puede resumir. En la reanudación de mis estudios de guitarra, que es cuando quiso reciclar en total, podemos considerar esto como etapas de la vida, porque llega un momento en que no estás satisfecho con lo que sabes ni consigo mismo, y esto sucede a la mayoría de las personas que toman algo en serio, ya sea trabajo, el estudio, el arte... en mi caso fue la música. En 1977, se pasaran 10 años que estaba sin un maestro, me tenía fuera de clases con el maestro Sávio, continué estudiando solo, pero girando en falso, sin progreso. Una tienda de música en Jundiaí (llamada Só Som) he anunciado muchos nuevos materiales de Editorial Ricordi. Fui a visitar la tienda y compré el libro de arpegios del maestro Henrique Pinto; cuando empecé a leer el libro me sorprendió cuánto me he desfasado de la guitarra; con este libro me di cuenta de que si hiciéramos 10 fórmulas por día con todas las indicaciones de ritmos y acentuaciones, tomaremos unos 50 años para tocar todo. También me di cuenta de la grandeza del estudio de la guitarra, y tuvo que resolver este problema mediante clases con el profesor Henrique Pinto. Yo sabía que Henrique había sido un estudiante de Sávio, contemporáneo mío, incluso nosotros participamos en recitales juntos, cada uno tocando varias piezas. También sabía que Henrique había estudiado en España con el profesor entonces famoso José Tomás, el asistente del maestro Segovia en clases magistrales al año en España.
Entré en contacto con Henrique, diciendo que quería hacer una renovación y él me respondió con prontitud. Con Henrique empecé por los 25 Estudios de Carcassi con dedicación y tenía un progreso muy rápido, tanto es así que en 1979 ya había un nuevo repertorio para presentación, porque cuando empezamos, lo primero que hizo Henrique fue descartar mi antiguo repertorio. Trabajamos en estos dos años piezas de Dowland, Bach, Sor, Torroba, Tárrega, Albéniz, Villa-Lobos, Barrios etc .. En los años 80, hubo un movimiento muy grande de la guitarra donde Henrique he promovido muchos conciertos en São Paulo y Santos. Estos conciertos se suelen dividir por dos guitarristas o dúo de guitarras con otros instrumentos. Recuerdo que en la Nova Acrópoles, los conciertos eran semanales, junto a los de la Santa Casa de Santos.
Fue un muy buen momento para la guitarra con presentaciones siempre llenas. En una de estas, Henrique me pidió que hiciera un recital solo, que es aquel famoso en que cumplí a 90% de lo que había estudiado, y en esta presentación estaba presente el Maestro Gilberto Mendes, que hizo aquella crítica en el periódico ("Así se templó el acero ... "), si no me equivoco es una cita de Rusia, ampliamente utilizada por comunistas brasileños de la época.
Las presentaciones ocurrían siempre a los sábados, así que yo necesitaba de descanso en el viernes para estar con las manos más ligeras, dos días sin tomar en herramientas, simplemente entrenando, por lo que tendría una mayor seguridad en el toque de la guitarra. Luego hablé con mi manager, me proponiendo a trabajar en un sábado anterior y descansar el próximo viernes, lo que resultaría en dos días para prepararme mejor; el director esté de acuerdo y por lo tanto se combinó.
Como he dicho, el recital fue muy bueno, con buenas críticas en los periódicos, algo que ya no existe más porque estamos retrocediendo en todo – lo que es una pena, se estudia bien, usted sabe lo que hace, pero no es reconocido. Cuando volví al trabajo, mostré el periódico a colegas, amigos y el gerente – también el se quedó excitado y me dijo que su esposa cuando joven hubiera estudiado guitarra clásica en Alemania. Ahí es donde la idea surgió de él para hacer un recital en el Día de las Secretarias, 29 de octubre, solamente para los gerentes y secretarias en Krupp Campo Limpo S/A. Pues bien, he dado el recital que fue grabado en cinta y se la enviaran al centro de Krupp en Rio de Janeiro, donde está el directorio general, para apreciación. Pues bien, a partir de lo que me dijeron, se sorprendieron en ver – y al oír – que un empleado de ellos sabía tocar un instrumento difícil con habilidad y alto nivel de la música, ya que ejecuté Bach, Scarlatti, Tarrega, Granados, Torroba, Villa-Lobos, y encore Sons de Carrilhões (João Pernambuco). Yo sé que un día en noviembre del mismo año 1980, mi manager me llamó y me dijeron si yo quería un encargo, un pago por tocar, etc., así que les dije que no quería dinero o posición, pero quería estudiar más, aprender, tener más conocimiento de la guitarra, para poder transmitir a mis alumnos cuando me retirase porque me he dado clases en los sábados desde el año 1971 en la escuela de música Pío X , que enseño hasta hoy. A continuación, la junta de Krupp hizo contacto con una universidad en España, para ver si podía hacer un curso de guitarra, pero se exigió un grado en música y yo solo tenía el Conservatorio Gomes Cardim de Campinas, que no lo servía. De ahí surgió la idea de un curso de un mes en Uruguay con el Maestro Carlevaro, simplemente porque tenía un mes de vacaciones para tomar del Krupp, y todo funcionó bien. Así que envié una carta al maestro, informando de mi curriculum, y que me lo aceptó inmediatamente. Yo fue a Uruguay con un billete pagado de ida y vuelta y el alojamiento, solamente he pagado lecciones y alimentos. Me presenté al maestro con más estudiantes en la sala – argentinos, uruguayos, franceses, estadunidenses etc., cada uno ejecutó una pieza y al final Carlevaro dijo ustedes son estudiantes universitarios, pasan el día estudiando música mientras que este hombre trabaja en una factory, fábrica, tuve la impresión de que hablaba duro por no tener gustado de lo que escuchó, entonces él me llamó para tocar Recuerdos... entonces todos me saludaran y me quedé muy feliz, me preguntaran cómo hacía el estudio, la duración de un día, de esas cosas, que cada uno tiene que encontrar su tiempo disponible para estudiar, pero tenemos que estudiar todos los días.
En la primera clase fue cuando he obtenido la plena confianza del maestro, por lo que me preguntó ¿que repertorio quería hacer? y le dijo que yo no estaba allí para hacer el repertorio, pero sus cuatro libros técnicos, ya que así me progresaría y enseñaría a mis estudiantes. En ese momento nuestro enlace se quedó mucho más grande, porque nadie quiere enseñar, todos quieren tocar bien, yo, a  la vez, quería enseñar de la mejor manera posible. Hicimos los cuatro libros enteros con dos clases por semana, en un mes, lo cual fue muy rápido. El mes de enero de 1981 fue marcado en mi vida como un muy buen momento que vi y aprendí cosas que no esperaba, quedó marcada en mi memoria la figura del Maestro Carlevaro como una persona de gran valor moral, un profundo conocimiento del instrumento y la música en general, preciso, sensible, amable, humano, preocupado con todo y todos, soñando con un mundo mejor, trabajador, finalmente, un ser humano ejemplar, que tuvo el premio de convivir durante un mes.

En su percepción, ¿como he sido la asimilación de la escuela de Carlevaro en su interpretación musical?

Como siempre he tratado de estudiar a lo mejor modo dentro de mis habilidades, no fue difícil de asimilar la escuela Carlevariana porque en un mes he realizado los cuatro libros enteros, para mi sorpresa y del maestro; cuando en la primera clase me preguntó qué quería hacer del repertorio, y he dijo que quería hacer su escuela, por lo que se inició la integración entre el profesor y el estudiante, que hasta hoy tengo como una edad de oro en mi aprendizaje. Siempre cuando se hace lo mismo por segunda vez, se obtiene un cierto dominio en el mismo servicio, aprendí eso en fábricas,  haciendo piezas durante 37 años porque empecé en talleres con 12 años y me retiré con casi 50 años, y la guitarra empecé con 15 años, y sigo estudiando en la actualidad. Si lo sabes manejar su tiempo, podes hacer lo que quieras. En la música, en el trabajo, en los estudios en general, ya sea matemáticas, física, química, biología, idiomas, historia, geografía, ciencias humanas etc.: Repetición con la inteligencia es la madre del conocimiento, y quien tiene la técnica hace arte. Pues bien, si se tiene en cuenta que los fundamentos de la guitarra son, básicamente, arpegios, escalas y ligados, y si se trabaja bien estos tres elementos esenciales, tendrán capacidad para resolver otras cosas como trinos, adornos, aperturas, explosión en las escalas, e incluso resolver lo que llamamos hoy de trinos de cuerdas dobles, que son técnicas a utilizar en Bach, Scarlatti etc.. Entonces sus manos adquirirán la memoria muscular, habilidades motoras, precisión en movimientos y la famosa "precisión del toque" que es cuando se tiene total seguridad en un pasaje o tramo de la música, es decir, jamás se equivoca en ese tramo. Daré un ejemplo de eso, aquella frase ascendente e descendente en ligados del Estudio 1 de Villa-Lobos. Hay otra cosa que sucede con una buena formación, que es permitir a la mano resolver un problema de un pasaje o intercambio de los dedos, esto es muy común en las escalas sobre todo en la mano derecha, si se intenta poner todo correcto con la vista, cuando tocar, y se va mal todavía; déjate su mano para resolver el problema, si fue bien orientada, porque cuando se inicia el estudio de la guitarra y tocase sin alternación de los dedos, es todo sin una lógica biológica, especialmente en su mano derecha, tendrás problema por toda vida.
Recuerdo muy bien la primera clase con el maestro, he presentado Pavana de Tárrega; él vio, escuchó y dijo Guedes, la mano derecha no se mueve nunca, vamos a trabajar de la mano izquierda. Así que fue un alivio, ya que el libro n.º 2 pasó bien y de forma rápida y fácilmente, incluso en aquellas fórmulas con repetición sincopado del pulgar, que por cierto es difícil. Otra cosa sobre el libro 2: no le gustaba la diminuta fija, por lo que hizo en mi libro una escalita en los bajos, igual a los arpegios del Curso Progresivo de Henrique Pinto; concluyó que aquella diminuta prolongada trababa la mano izquierda. Bueno, es un poco difícil tratar de describir
aquí todo lo que aprendí, ya que muchas cosas sólo sé haciendo con la guitarra.

Hoy en día podemos ver varios vídeos en Internet en el que Abel Carlevaro aparece en el palco con más de 80 años de edad. Entre 2013 y 2014 usted grabó y lanzó en varias ciudades su CD "Guedes toca Tarrega" ¿Cómo conseguir la longevidad en la performance? También en eso están contenidos los preceptos de Carlevaro?

El dormir, la vida regulada sin excesos también ayuda en la longevidad, así como una dieta bien balanceada es fundamental, ya que, como siempre se oye, todo tiene que estar bien equilibrado. En el caso del CD, fue algo "impuesto" por Zanon, porque un día recibo un correo electrónico de él me ofrecendo grabar un CD para marcar un registro de mi paso en la guitarra aquí en la tierra, porque hasta entonces sólo tenía registros de pequeñas audiencias y algunos videos, y no como un trabajo de estudio; usted sabe muy bien lo que es una grabación, que tiene que ser todo bien tocado y repetirse lo suficiente, por cierto después de realizar una grabación, se llega a aprender a estudiar, con otra percepción, o escuchar más lo que se toca, y desarrollar la autocrítica porque nunca está bueno, siempre se puede mejorar. En el caso de la grabación de las piezas de Francisco Tárrega, fue "contaminado" cuando tenía unos 12 años por parte de un maestro de quiosco de música (templete), José Favoto, que vivía cerca de mi casa en Capivari; él siempre me vio en la puerta de mi casa con una guitarra o un cavaquinho de mi padre, que era serenatero y se seguía por el oído. Un día él me mostró una foto de Tárrega, un método antiguo que había ... es aquella famosa imagen que tienen los métodos cuando se trata de Tárrega, y me dijo este ha sido el más grande guitarrista de todos los tiempos. Fue un impacto tan grande que incluso hoy veo esa imagen en mi mente. Pues bien, esta grabación realizada en el estudio de la Faculdade Cantareira en 2007, con la supervisión de Zanon y (Ricardo) Marui en la parte técnica y un trabajo especial de Amadeu Rosa y Fabio Zanon en la finalización musical. Estas son personas que traigo como hijos y que no escatimaran esfuerzos para completar el trabajo, esforzándose mucho en mi primera y única grabación. La elección de las obras de Francisco Tárrega para la grabación fue debido a la razón que siempre he tocado en los conciertos obras suyas, entonces como siempre he tenido en mi repertorio algo de 30 a 40 piezas de él, entre estudios, piezas y transcripciones, no fue difícil elegir 16 piezas para grabar tranquilo, no hubo problema, con tranquilidad; 4 miércoles, y en un mes se hicieron la grabación y las tomas.
Entonces, la grabación se almacenó durante 6 años en espera de una oportunidad para ser lanzada. En 2013,  la secretaria de Cultura de Jundiaí, Dona Penha, que por cierto hizo un muy buen trabajo en su gestión, creó una Ley para fomentar la cultura en la ciudad con premios, donde cualquier actividad artística pondría competir - música, danza, coral, teatro, etc.. Así que mis dos amigos, el guitarrista Daniel Mota y su esposa Heloisa Oliveira da Silva, que trabaja en el ámbito de la promoción artística, hablaron con Fabio Zanon para lanzar el CD; en la evaluación del jurado, desde las diez clasificaciones contempladas, mi CD obtuve el primero lugar, dándole un premio de 1.000 CDs y 3 actuaciones en la ciudad. Del CD nos damos cuenta de que no fue grabado como un hacer por hacer, sino un trabajo que hago durante al menos 50 años, tocando esas mismas piezas, obras que fluyen normalmente sin ningún tipo de crisis, así es Recuerdos de la Alhambra que he tocado más veces que  Demonios da Garoa tocó a Trem das 11 [banda brasileña muy consagrada, incluso por esa obra específica]. Creo que la mejor presentación que he hecho en los conciertos de Tárrega haya sido uno en el MASP (Museo de Arte de São Paulo) en aquellos programas que Henrique solía hacer en las tardes de sábados; fue un día de gloria para mí, todo ha ido bien – puedo decir que es muy raro que lo suceda.

¿Y lo que percibe usted, lo que más se relaciona con Carlevaro en su trabajo como profesor de guitarra? ¿Preparación de ejercicios técnicos dirigidos, tablas de ejercicios, por fin una organización de material didáctico?

Como maestro de la guitarra o cualquier otra actividad de clases, la primera cosa que el maestro tiene que tener es un gran placer para enseñar, y también el mayor conocimiento de lo que va a pasar a los demás, es decir, un amplio conocimiento de los fundamentos. No ayuda que desea enseñar sin conocer los fundamentos de lo que va a enseñar, todavía hay muchos fundamentos superados que han de ser abolidos. Todos quieren enseñar con buena voluntad, pero se poco saben, hay ninguna utilidad – sólo se retrasará el proceso de aprendizaje de los estudiantes. La guitarra es una herramienta interesante porque lo hace poco en el instrumento y trucos suficientes, a diferencia del violín, ya que no es templado, no se puede engañar. Si en tres años el estudiante no muestra resultantes, creo que puede cambiar de instrumento u área. El estudiante tiene que aprender más que el maestro enseña, pero para que eso ocurra el maestro tiene que dar elementos de evolución para los estudiantes.
Tomando clases con el profesor Carlevaro, en primer lugar me enteré de que el maestro tiene que tocar para tener una experiencia real y práctica de cómo hacer las cosas. Otra cosa que me dijo él es nunca poner pensamientos negativos en su cabeza, hacer el estudio cuidadoso de los pasajes difíciles y nunca menospreciar el más sencillos, es allí donde hacen más errores. El estudio técnico se debe adquirir paso a paso, para tocar lo mejor posible. Si nos fijarmos, nunca está bueno, siempre podemos mejorar un tramo, una pieza, estudio y hasta un ejercicio mismo. Técnica dirigida o técnica específica para cada obra es cuando ya hemos hecho todas las técnicas de los fundamentos, es decir, las que vienen en los métodos, la famosa técnica pura, que puede ser en forma de lecciones también. Después de hacer los métodos con lecciones y lectura consolidada, se puede empezar la técnica de Carlevaro – haré un paralelo: Quiero aprender a tocar la guitarra de 7 cuerdas, primeramente yo estudio la de 6 cuerdas.

Bueno, vamos a dar un ejemplo de cómo establecer un guión técnico:

1 - adquirir una agenda que puede ser un cuaderno
2 - registrar el día a día, todo lo que estoy haciendo
3 - establecer un horario para cada actividad técnica
4 - establecer un tiempo para los estudios
5 - establecer un tiempo para las piezas
6 - establecer un tiempo para el mantenimiento del repertorio
7 - establecer un tiempo para la memorización de nuevas piezas
8 - todo esto no puede pasar de 3 horas al día
9 - este programa puede ser semanal
10- trabajo mental sin instrumento, que puede ser todo el día

Técnica

Arpegios - Escalas - Ligados - Saltos - Ornamentos - Ejercicios etc..
Para tener una visión general de cómo poner todos estos elementos técnicos durante la semana, es necesario que estudiante y profesor gestionen este trabajo, que no es fácil, dada la complejidad de la existencia de muy material, disponibilidad de tiempo y prioridades del estudiante.
Un material muy bueno es del profesor Eduardo Castañera, que en realidad es un resumen de los cuatro libros de Carlevaro, sintetizado en una colección, Toque de Mestre, Editorial hmp [Porto Alegre-Brasil].



Mas:

Video Prof Guedes Recuerdos de la Alhambra
https://www.youtube.com/watch?v=P-0ijBSdzTQ


CD Recuerdos - Guedes toca Tárrega
http://www.tratore.com.br/um_cd.php?id=6265 

Last part ... Special edition - Carlevaro Centenary... Prof Antônio Guedes interview

 
How the steel was tempered, says the title of an old working-class novel. How was tempered the technique of Antônio Guedes and thus his conception of interpretation. It’s interesting to see how the experience of a man was projected on his achievement (...) In Antônio Guedes, the metallurgist, I admire the man and the artist, in a single person.
(composer Gilberto Mendes)

Interview with Antônio Carlos Guedes de Oliveira (1937), guitarist, teacher, born in Capivari (SP-Brazil). He was a student of Isaías Sávio (1958-1964) and Henrique Pinto. In 1960, he won, among 35 opponents, a competition from São Paulo Conservatories, sponsored by Giannini [pioneer Brazilian guitar factory]. He was soloist in many presentations, including Teatro Municipal de São Paulo (1964). He obtained a scholarship to study with Abel Carlevaro (1980). Among his former alumni are Fabio Zanon and Luiz Mantovani (Brazilian Guitar Quartet) – all these achievements during his professional life as metallurgist. Be in touch with Prof Guedes is always so good, it's like getting to a safe port after many storms. 2016 is ending, so let him guide us safely to 2017.

(Teresinha Prada) In 2016 we are celebrating the centenary of the birth of Abel Carlevaro. Carlevaro’s relationship with Brazil was very important. What is the legacy for Brazilian guitarists in general, in your opinion?

(Prof. Guedes) Well, speaking about Maestro Abel Carlevaro without a guitar brief history is a bit vague. Then we can start with Carulli and Carcassi, two great masters, trained in music in general at the Italian School. For music in general it means Theory, Harmony, Composition, Instrumentation, general knowledge of the instruments of the time etc., and then emigrated to the guitar, which at that time was a new market in Europe and it lacked teachers. Then we have the giant quartet or guitar four pillars: Sor, Giuliani, Aguado and Coste with their methods and works that we still do. Besides, who didn’t do the 25 Studies [opus 60] by Carcassi? Those were what are now the 12 Studies by Villa-Lobos. Then came the turn of the virtuosi, Regondi, Mertz, Legnani, Zani de Ferranti, culminating in Tárrega, who has left an important didactic heritage with students like Llobet, Pujol, Sainz de la Maza, Josefina Robledo and many others, having settled in other countries. Well, with Tárrega we have two important things: firstly, his influence in the modern guitar construction – Torres La Leona; at second, transcriptions, which is a current topic in which we need more fingers to play pieces that come from other instruments. So when Segovia, Barrios, Llobet, Yepes have emerged in the concert halls, performing heavy repertoire with difficult transcriptions – when the normal basic technique couldn’t do everything, because the virtuoso Tárrega already had raised the guitar repertoire of transcriptions – the thing changes and it's  necessary to solve, besides the musical problem, the hands instrumental technical problem as well.
So, we know that Tárrega was a professional pianist and has had the guitar a hobby, but in view of the director of the conservatory where he graduated he took the guitar as a main instrument and piano as a secondary; he transcribes so well that so those who study guitar in fact, play their transcriptions normally. We also see that when we perform transcriptions of some famous guitarists, the desired domain of the work in question is not achieved, this is due to the fact that the transcriber knows the instrument of arrival but doesn’t know the instrument of departure. In the case of Tárrega – of course – he knew both departure and arrival. Then comes the work of Maestro Carlevaro, giving a new technical direction in the hands mobility, a disciplined work with exercises in all known aspects, creating an exercise and practical formulas handbook that attend the guitar student who wants play safely and with instrument domain. This new technique, divided in four volumes and a manual with many technical elements, has almost all the possibilities of how to solve musical problems with practical exercises and orientations with formulas and warnings in general. This is the great legacy of the master Abel Carlevaro.

Tell us about Abel Carlevaro - what was the first time you’ve heard about him and through whom? Henrique Pinto, maybe?

Well, when I was even a maestro Isaías Sávio student, among the guitarists there was word of mouth information about all the best guitarists of the time and their activities. As my teacher was very well informed, receiving scores, letters and books from around the world, he informed us about everything, because the amount of information wasn't available as today – in fact, we copied the scores all by hand every day, there is no xerox [
machine]; I grew up in that context, working in metallurgy: Ford, Krupp, Volkswagen. And there was one very important thing in those days: teachers were highly respected and students obeyed, all the information was very welcome and fulfilled to the letter. At that moment, master Sávio talked a lot about Llobet, Segovia, María Luisa Anido, Narciso Yepes, and had special attention to Carlevaro, considering him as a modern virtuoso, but in fact he was a great guitar scholar, as I know, Carlevaro and Segovia worked for over 10 years, during which master Segovia had lived in Uruguay, when Franco's Civil War took place in Spain.
From this achievement would result the Carlevaro's four technical books and an explanatory guide to this new way of doing exercises. One day, professor Sávio invited me to his apartment to listen to a Long-Play with the Villa-Lobos's Five Preludes, that his brother Alberto Sávio brought from Uruguay, Alberto also played guitar very well. Then we heard for the first time the Five Preludes by Abel Carlevaro. We were in about 8 or 10 people between students and the teacher's family, gathered in his room on Avenida São João [important avenue in São Paulo’s downtown]. This was the first contact with maestro Carlevaro’s work, around the years 1962-1963. Well, my impression, and I still have today with the memory of the recording, is that everything sounded so precise with passages and perfect phrases, because at that moment the guitar was running freer with many rubatos and mannerisms, that each one had his style, the readings in general were not so accurate, very different from today. Our greatest reference were the Segovia’s recordings, everybody wanted to imitate him.
Today I see that with Carlevaro began to change the way of seeing and thinking the guitar, beginning a new era, i.e., the Carlevarian era, which I'm an adept until today. From his method and works, we can say once again that the ouvre wins the death, as wrote Plato, quoted by the Prof Isaías Sávio, in a brief biography in his 12-pieces album by the great Francisco Tárrega.

How about your experience of being Carlevaro’s student and your contact with him? At what stage in your practice did this happen? You’ve received a prize, haven’t you? Tell us about this opportunity.

Well, it's a long story, but it can be summed up. In the resumption of my guitar studies, when I wanted to recycle in total, we can consider this as stages of life, because there comes a time when you are not satisfied with what you know or with yourself, and this happens to most the people who take something seriously, be it a work, study, art ... in my case it was music. In 1977, I spent 10 years without a teacher, had me out of classes with Prof Savio, just continuing to study alone, but I was turning in circles, without progress. A music store in Jundiaí (called Só Som) has announced many new materials from Ricordi Publishing House. I went to visit this store and bought the book of arpeggios by master Henrique Pinto; when I started to read the book I was surprised how much I got out of the guitar; with this book I realized that if we did 10 formulas per day with all indications of rhythms and accentuations, it will take about 50 years to play everything. I also realized the greatness of the guitar study, and had to solve this problem through classes with Professor Henrique Pinto. I knew him; Henrique had been a Sávio’s student, my contemporary, even we’ve participated in recitals together, each playing several pieces. I also knew that Henrique had studied in Spain with the then famous teacher José Tomás, the master Segovia assistant in annual master classes in Spain.
I got in touch with Henrique, saying that I wanted to do a renovation and he answered me promptly. With Henrique I started doing the Carcassi 25 Studies with dedication, making rapid progress, so much so that in 1979 there was already a new repertoire for my presentations, because when we started, the first thing Henrique did was discard my old repertoire. In those two years, we had been preparing Dowland, Bach, Sor, Torroba, Tárrega, Albeniz, Villa-Lobos and Barrios works. In the 80's, there was a strong guitar movement; Henrique has promoted many concerts in São Paulo and Santos cities. These concerts were usually shared by two guitarists or the guitar and another instrument, in duets. I remember that in Nova Acrópoles*, the concerts were weekly, next to those of the Santa Casa de Santos* [*
places in Santos’s city].
It was a very good time for the guitar with concerts always full-house. In one of these, Henrique asked me to do a solo recital, which is the famous one in which I fulfilled 90% of what I had studied, and in this recital was present master Gilberto Mendes, who did that review ("How the steel was tempered... "), if I’m not mistaken is a Russian quotation, widely used by Brazilian communists of the time.
The presentations always took place on Saturdays, so I needed to rest on Friday to be with my hands more light, two days without taking in tools, just training, so I would have much more safety in the guitar playing. Then I spoke with my manager, proposing to work on a previous Saturday and rest next Friday, which would result in two days to prepare myself better; the director agreed and therefore was combined.
As I said, the recital was very good, with good reviews in the newspapers, something that no longer exists because we are going backwards in everything – which is a shame, you study well, you know what you do, but it is not recognized. When I returned to factory, I showed the newspaper to colleagues, friends and the manager – also he was excited and told me that his wife when was young she had studied classical guitar in Germany. That's when the idea came from him: to do a recital on Secretary's Day, October 29th, only for the managers and secretaries at Krupp Campo Limpo S/A. Well, I gave the recital that was recorded on tape and sent to the Krupp central in Rio de Janeiro, where is the general board, for appreciation. Well, from what was said about, they were surprised to see – and to hear – that an employee of them can play a difficult instrument with skill and high level of music, since I played Bach, Scarlatti, Tárrega, Granados, Torroba, Villa-Lobos and Sons de Carrilhões (João Pernambuco) as encore. I know that one day in November of the same year 1980, my manager called me and told if I wanted a commission, a payment for playing etc., so I told him that I didn’t want money or position, but I wanted to study more, to learn, to have more guitar knowledge, to be able to transmit to my students when I retired, because I’ve taught on Saturdays since 1971 at the Pio X Music School, which I teach until today. Then the Krupp board made contact with a university in Spain, to know if I could do a guitar course, but a degree in music was demanded and I only had the Gomes Cardim Conservatory in Campinas, which didn’t work. From there came the idea of ​​a one-month course in Uruguay with Maestro Carlevaro, simply because I had a month's vacation to take from Krupp, and everything worked well. So I sent a letter to the teacher, informing him about my curriculum, and he accepted it immediately. I went to Uruguay with a round-trip tickets and accommodations, I only paid for lessons and food. I introduced myself to the maestro with more students in the classroom – Argentinians, Uruguayans, French, Americans etc., each one executed a piece and at the end Carlevaro said them: you are university students, spend the day studying music while this man works in a factory. I had the impression that he spoke harshly because he didn’t like what he heard, then he asked me to play Recuerdos de la Alhambra... then everyone gave me congratulations and I was very happy, they asked me how I did my studies… the duration per day… those things that everyone has to find his available time, however we have to study every day.
In the first lesson was that I obtained the full confidence of the maestro; he asked me what repertoire I would like to do, so I told him that I was not there to do some repertoire, just his four technical books, because that way I would progress and teach my students. At that moment our liaison got much bigger, because nobody wants to teach, everyone wants to play better, I, at the same time, wanted to teach in the best way possible. We did all four books with two classes per week, in one month, which was very fast. The month of January 1981 was marked in my life as a very good moment that I’ve saw and learned things that I didn’t expect, it was marked in my memory the figure of master Carlevaro as a person of great moral value, a deep knowledge of the instrument and the Music in general, precise, sensitive, kind, humane, worried about everything and everyone, dreaming of a better world, worker, finally, an exemplary human being, whom I had the prize of living together for a month.

In your view, how have you been assimilating the Carlevaro’s school in your musical interpretation?

As I’ve always tried to study the best way within my abilities, it wasn’t difficult to assimilate the Carlevarian school because in a month I’ve done all four books, to my surprise and the professor too; when in the first class he asked me what I wanted to do in the repertoire, and I said that I wanted to do his school, so that the integration between the teacher and the student began, which until today I have it as a golden age in my learning. Always when you do the same thing for the second time, you get certain mastery in the same service, I learned this in factories, making [auto]parts during 37 years because I started in workshops with 12 years old and I retired with almost 50 years old, the guitar I started with 15, and I'm still studying today. If you know how to handle your time, you can do everything you want. In music, at work, in studies in general, whether mathematics, physics, chemistry, biology, languages, history, geography, human sciences, etc.: Repetition with intelligence is the mother of knowledge, and who has the technique, makes art. Well, if you consider that the basics of the guitar are basically arpeggios, scales and slurs, and if you work well these three essential elements, will have ability to solve other things like trills, ornaments, openings, explosion in the scales, and even solve what we call today two-strings-trills, which are techniques to use in Bach, Scarlatti etc.. Then your hands will acquire muscle memory, motor skills, precision in movements and the famous "touch precision" that is when you have total security in a passage or excerpt of music, that is, you never make mistakes in that one. I will give an example of this: that ascending and descending sentence in Étude 1 by Villa-Lobos. There is another thing that happens with a good formation, which is to allow the hand to solve a problem of a passage or exchange of the fingers, this is very common in the scales especially in the right hand; if you try to put everything right with the vision, when you play, and go wrong; let your hand to solve the problem, if it was well oriented, because when you start studying the guitar and play without alternating fingers, it is all without a biological logic, especially in your right hand, you will have problem for life.
I remember very well the first class with the maestro, I’ve presented Pavane de Tárrega; he saw, heard and said: Guedes, in the right hand won’t ever move, let's work on the left hand. So it was a relief, because Book No. 2 has gone well, quickly and easily, even in those formulas with syncopated repetition of the thumb, which by the way is difficult. Another thing about book 2: he didn’t like the diminished  position, so he did in my book a scale in the bass, similar to the arpeggios of the Curso Progressivo by Henrique Pinto
[a famous method in Brazil]; he has concluded that the prolonged diminished one  could freeze the left hand. Well, it's a bit difficult to try to describe here everything I learned, since a lot of things I only know showing in the guitar.

Nowadays we can see several Internet videos that Abel Carlevaro appears on the stage, after to the age of 80 years. Between 2013 and 2014 you recorded and released in many cities your CD "Recuerdos - Guedes toca Tárrega". How to achieve longevity in performance? Are there also Carlevaro’s precepts?

Having a good sleep, a ruled life without excess also helps in longevity, as well as well-balanced diet is essential, since, as it is said, everything has to be well-balanced. In the case of the CD, it was something "imposed" by Zanon, because one day I received a message from him offering to do a CD, registering my passage on the guitar here on earth, because until then I only had records of small occasions and some videos, and not as a recording studio work; you know very well what a recording is, that it has to be all well played and repeated enough, by the way after making a recording, you get to learn to study, with another perception, or listen more to what you play and develop self-criticism, because it’s never good, it can always be improved. In the case of this Francisco Tárrega's pieces recording, I was "contaminated" when I was about 12 years old by a teacher of a band-stand, José Favoto, who lived near my house in Capivari; he always saw me in front of my house’s door playing my father’s guitar or a cavaquinho, my father was a serenade player and do it by ear. One day this man showed me a Tárrega picture on an ancient method... it’s that famous image that the methods have when it comes to Tárrega, and told me: he has been the greatest guitarist of all time. It was such an impact that even today I see that image in my mind. Well, this recording realized in the Faculdade Cantareira studio in 2007, with the supervision of Zanon and
[Ricardo] Marui in the technical part and a special work of Amadeu Rosa and Fabio Zanon in the musical conclusion. These are people that I bring like my sons and that spare no effort to complete the work, striving hard in my first and only recording. The choice of the Francisco Tárrega for this recording was due that I’ve always played these works in concerts, then as always I’ve had in my repertoire something of 30 to 40 pieces of it, among studies, music and transcriptions, it wasn’t difficult to choose 16 pieces to record quietly, no problem, easily; four Wednesdays and in a month we made the recording and the shots.
Then, the recording was stored for six years, waiting an opportunity to be released. In 2013, the Culture Department of Jundiaí
[a city near São Paulo, when Prof Guedes lives], Mrs. Penha, who by the way did a very good job in its board, created a Law to promote culture in this city with prizes, and any artistic activity would be participate – music, dance, choral, drama etc.. So two friends of mine, the guitarist Daniel Mota and his wife, Heloisa Oliveira da Silva, which works in artistic business, talk to Fabio Zanon to release the CD; so in the evaluation of the jury, from the considered 10 proposals, my CD gained the first place, receiving a prize of 1,000 CDs and 3 performances in the city. From the CD we can realize that it was not recorded merely, but a work that I do for at least 50 years, playing those same pieces, works that flow normally without any crisis, it is the case of Recuerdos de la Alhambra that I have played more times than Demonios da Garoa has played Trem das 11 [a very consecrated Brazilian band, even by that specific song]. I think the best presentation I've done on Tárrega repertoire was one at the MASP [São Paulo Art Museum] in those programs that Henrique used to do on Saturday afternoons; it was a day of glory for me, everything worked out so well – I can say that it rarely occurs.

And what do you most perceive from Carlevaro in your work as a guitar teacher? Preparation of guided technical exercises, tables of exercise, finally an organization of didactic material?

As a guitar teacher or any other class activity, the first thing the teacher has to have is a great pleasure to teach, and also the huge knowledge of subject that is going to give, that is, a extensive knowledge of the fundamentals. It’s no helpful you just want to teach without knowing the basics of everything you are going to teach, there are still many outdate instructions that have to be abolished. Everyone wants to teach with goodwill, but if one know little, there is no useful – just the students learning process will be delayed. The guitar is a curious instrument because you can do little in the instrument and enough tricks, unlike the violin, since this is not tempered, you cannot mislead. If in three years the student doesn’t show results, I think he can change instrument or area. The student has to learn more than the teacher teaches, but for it the teacher has to provide evolution elements for the students.
Taking classes with Professor Carlevaro, I firstly learned that the teacher has to play to have a real and practical experience of how to do things. Another thing he told me is to never put negative thoughts in his head, make careful study of difficult passages and never depreciate the simpler ones, where we make more mistakes. The technical study must be acquired step by step, to play the best possible. If you analyse it, it’s never good, we can always improve a part, a piece, study and even an exercise. Addressed technique or specific technique for each work is when we've already done all the basics techniques, those that come in methods, the famous pure technique, which can be in the form of lessons as well. After doing the methods with lessons and a consolidated reading, you can start the Carlevaro technique ­– I will make a parallel: I want to learn to play the 7-string guitar, firstly I study the 6-string.

Well, let's give an example of how to establish a technical guide:

1 - to acquire a schedule that can be a notebook
2 - to register day by day everything you’re doing
3 - to establish a time for each technical activity
4 - to establish a time for studies
5 - to establish a time for pieces
6 - to establish a time for the maintenance of the repertoire
7 - to establish a time for the memorization of new parts
8 - all this cannot happen from 3 hours a day
9 - this program can be weekly
10- do mental work without an instrument, which can be all day

Technique

Arpeggios - Scales - Slurs - Jumps - Ornaments - Exercises etc ..
To have an overview of how to put all these technical elements during the week, it is necessary that student and teacher manage this effort, which is not easy, given the complexity of the existence of extensive material, time availability and student priorities.
A very good material is from Professor Eduardo Castañera, which is actually a summary of the four books of Carlevaro, from a collection, Toque de Mestre, hmp Publishing
[Porto Alegre-Brazil].



More:

Video Prof Guedes Recuerdos de la Alhambra
https://www.youtube.com/watch?v=P-0ijBSdzTQ


CD Recuerdos - Guedes toca Tárrega
http://www.tratore.com.br/um_cd.php?id=6265