sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Ondas-sombras-reflexos: obra de Danilo Rossetti para violão e eletrônica

Em 2022, convidei Danilo Rossetti [1] a escrever uma composição para violão e eletrônica em que eu pudesse, como intérprete, fazer refletir sonoridades iberoamericanas e de cordas dedilhadas.  Com surpresa e satisfação meu colega na Música/UFMT prontamente atendeu a meu pedido com Ondas-sombras-reflexos e assim iniciamos um contato musical rico e promissor. Segue uma entrevista com Danilo Rossetti. 

(TP) Como você começou na composição? Quando teve o primeiro insight que queria ser compositor? Quais compositores desse seu primeiro interesse?

 (DR) Eu percebo que meu primeiro interesse, e até hoje, é pelo som, pelo timbre, pela harmonia. Sempre, desde muito cedo, adorava instrumentos musicais, poder sentar e passar muito tempo brincando com as sonoridades de um piano, por exemplo. Aos poucos, esse interesse pelo som ganhou novos ares por meio dos instrumentos eletrônicos e sintetizadores, com os quais eu descobri um outro mundo sonoro. Sobre preferências, tenho especial interesse pela sonoridade das músicas renascentista e barroca, sobre como se dá a condução da harmonia nesse período. Já na universidade me aproximei muito das obras e escritos do Xenakis, principalmente pelo estudo da questão do tempo. Também me aproximo das obras de compositores que passaram pelo estúdio de Colônia (Ligeti, Stockhausen) e do espectralismo (Grisey, Murail). Tenho bastante interesse atualmente na escuta do free jazz e outros trabalhos ligados à improvisação e articulação de grandes formas.

(TP) Sobre "articulação de grandes formas",  poderia dar um exemplo? Seriam obras de longa duração e complexidade?

(DR) Poderiam ser os grandes improvisos do Keith Jarrett ou longas composições do Egberto Gismonti ou Naná Vasconcelos. Estou pensando em discos dos anos 1970…

(TP) Existe alguma espécie de rito para você ou qual seria a sua rotina para compor? 

(DR) Acho que para compor a gente precisa reservar um período de tempo na rotina em que vamos mergulhar na composição sem sermos interrompidos pelo celular (que costumo deixar no modo avião), campainha ou qualquer outra distração. Não tem um horário específico, mas precisa haver essa concentração. Também não pode ser por pouco tempo, algumas horas é o ideal, pois só assim a peça flui, mas nem sempre a gente consegue esse intervalo devido à rotina. Eu uso tanto o papel quanto o computador no processo de composição. Os primeiros rascunhos são à mão antes mesmo da partitura propriamente dita. A segunda etapa é passar para o computador onde edito a escrita, estrutura, instrumentação e desenvolvimento da música. Depois imprimo a partitura e faço à mão os últimos ajustes de técnicas instrumentais e gestuais.    

 (TP) Danilo, no começo do ano de 2022 eu pedi a você uma obra de música eletrônica e violão, daí nasceu Ondas-sombras-reflexos. Como foi compor essa obra? Conhecimento anterior de violão, você possuía?  Sabemos que você já havia escrito uma obra, dedicada ao Sérgio Ribeiro – poderia falar um pouco dessa obra também.

(DR) Sim, já havia composto em 2020 uma peça para violão e eletrônica, Microrreflexões, dedicada ao Sérgio Ribeiro. As duas obras, Microrreflexões e Ondas-sombras-reflexos têm a eletrônica em suporte fixo, ou seja, ela é previamente composta e está fixada em um arquivo de áudio. A grande preocupação com a música mista é o tempo, seja da escrita do instrumento acústico, seja o tempo da eletrônica. Para isso a gente precisa ter o cuidado, no caso da música em suporte fixo, de escrever a partitura instrumental e a interação com os sons eletrônicos em espaços de tempo calculados, com técnicas, figurações e gestos exequíveis. Não sou violonista de formação mas conheço o instrumento, as possibilidades. Isso vem de muita escuta das peças contemporâneas e clássicas do instrumento. Acho que essa é uma das grandes necessidades dos(as) compositores (as), a escuta.     

 (TP) Como professor de composição, o que destacaria para seus estudantes mais se atentarem para a criação? 

(DR) Tem uma frase atribuída ao Schoenberg em que ele afirma que para compor ele tentava esquecer de todas teorias. Eu acho que é um dos caminhos: principalmente quando o(a) aluno(a) está no início, geralmente se sente amarrado(a) pelos conhecimentos adquiridos nas disciplinas de contraponto, harmonia, teoria, etc. A ideia da composição é justamente o contrário, a gente precisa soltar e deixar a mão fluir, e esse é um exercício, não vem naturalmente. É claro que em algum momento a gente vai ter que rever o que escrevemos para ver se é realmente aquilo que desejamos, mas o momento de “soltar a mão” é importante. Outro ponto é a técnica de composição. A partir da ideia, da fluência, podemos utilizar técnicas de composição que aprendemos, e isso ajuda a dar consistência à peça que estamos trabalhando. Finalmente, destacaria a criação em nossas mentes de imagens sonoras, bem resumidamente, imaginar o som que queremos em determinada peça. 

(TP) Vi em artigos e obras suas que há um interesse em trabalho colaborativo. Poderia falar um pouco sobre isso, o conceito e como tem sido para você? 

(DR) O trabalho colaborativo é essencial, principalmente para nós compositores, intérpretes, analistas, musicólogos, educadores que estamos na universidade. A música é coletiva e essas fronteiras estão cada vez mais difusas. Aprendemos muito com a colaboração e acho que o nosso papel é incentivar essa atitude aos alunos. O trabalho criativo só tem a ganhar com a colaboração, pois traz a criação para outro patamar em que as escolhas são feitas em conjunto, a partir da interação, e não somente a partir de um indivíduo. Nesse contexto os ensaios preparatórios são muito importantes para tomadas de decisão, pois cada nova peça tem uma história, uma vida própria, ou seja, uma busca de dar forma à sua singularidade. É preciso fazer essa vida brotar e se desenvolver em seus próprios caminhos.



Agradecendo a Rossetti pela obra e  entrevista, veja mais informações a seguir!

Mais

[1]Danilo Rossetti (São Paulo/SP 1978), Compositor cujo trabalho se concentra na pesquisa interdisciplinar por meio do uso de tecnologias, metodologias e práticas colaborativas em processos criativos, performances e análises musicais. Possui composições para diferentes formações instrumentais (solos ou conjuntos de câmara), acusmáticas, mistas e multimodais (instalações audiovisuais, música e dança, criações virtuais e música telemática). Foi um dos premiados do Prêmio Funarte de Música Clássica 2016, na categoria solos, música acusmática e mista. Suas composições já foram executadas em conferências e festivais tais como ICMC, CMMR, NYCEMF, CICTeM,NIME, BIMESP, SBCM, ANPPOM e CDMC 30 anos. Professor da Universidade Federal do Mato Grosso, de música eletroacústica, composição e disciplinas teóricas. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da UNICAMP. Investigador e líder do grupo de pesquisa do CNPq "Criação, análise e performance musical com suporte computacional". Realizou pesquisa de pós-doutorado junto ao Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora da UNICAMP, sob supervisão do Prof. Dr. Jônatas Manzolli e com apoio FAPESP. Estudou composição com José Manuel López López, Silvio Ferraz e Flo Menezes, e técnicas de interação entre instrumentos acústicos e computadores na música mista com Alain Bonardi e Anne Sèdes. É  Doutor em Composição Musical pela UNICAMP, com período sanduíche no Centre de recherche Informatique et Création Musicale da Université Paris 8, Mestre em Música e Bacharel em Composição (instrumental e eletroacústica) e Regência pela UNESP.  [Currículo Lattes/CNPq – Brasil]

- Página do compositor e  partitura

 https://danilorossetti.com/composicoes-compositions/ 

https://danilorossetti.files.wordpress.com/2023/04/ondas-sombras-reflexos-final.pdf

‐ Veja em Descompasso videopartituras a composição Ondas-sombras-reflexos de Danilo Rossetti e interpretação ao violão de Teresinha Prada.

- Vídeo de Danilo Rossetti sobre a obra (depoimento especial para o1º Workshop da Linha Temática de Música e Interpretação - CESEM Universidade Nova de Lisboa)

https://drive.google.com/file/d/1E4z8ItryN7XHTbTfMJOyyD7p9FdX1gQx/view?usp=drivesdk

- Resumo/Abstract da comunicação de Teresinha Prada e Danilo Rossetti sobre Ondas-sombras-reflexos e L'Oiseau-Lyre no evento Nova Contemporary Music Meeting da Universidade Nova de Lisboa. Artigo completo (Atas do evento NCMM2023) em breve.

http://fabricadesites.fcsh.unl.pt/ncmm/teresinha-prada-and-danilo-rossetti/

 

Español 
 
 En 2022, invité a Danilo Rossetti a escribir una composición para guitarra y electrónica en la que pudiera, como intérprete, reflejar sonidos y cuerdas pulsadas iberoamericanas.  Con sorpresa y satisfacción, mi colega de Música/UFMT respondió prontamente a mi pedido con Ondas-sombras-reflexos y así iniciamos un rico y prometedor contacto musical.  A continuación se muestra una entrevista con Danilo Rossetti.   

 (TP) ¿Cómo empezaste a componer?  ¿Cuándo se dio cuenta por primera vez de que quería ser compositor?  ¿Qué compositores te interesaron primero?   

(DR) Me doy cuenta de que mi primer interés, y hasta el día de hoy, es el sonido, el timbre, la armonía.  Siempre, desde muy pequeño, me encantaron los instrumentos musicales, pudiendo sentarme y pasar mucho tiempo tocando los sonidos de un piano, por ejemplo.  Poco a poco este interés por el sonido tomó nuevos aires a través de los instrumentos electrónicos y sintetizadores, con los que descubrí otro mundo sonoro.  En cuanto a preferencias, tengo especial interés en el sonido de la música renacentista y barroca, en cómo se conduce la armonía durante esta época.  En la universidad me acerqué mucho a las obras y escritos de Xenakis, principalmente a través del estudio de la cuestión del tiempo.  También me acerco a las obras de compositores que pasaron por el estudio de Colonia (Ligeti, Stockhausen) y el espectralismo (Grisey, Murail).  Actualmente estoy muy interesado en escuchar free jazz y otros trabajos relacionados con la improvisación y articulación de grandes formas.  

 (TP) En cuanto a la "articulación de formas grandes", ¿podría darnos un ejemplo?  ¿Serían obras duraderas y complejas?   

(DR) Podrían ser las grandes improvisaciones de Keith Jarrett o las largas composiciones de Egberto Gismonti o Naná Vasconcelos.  Estoy pensando en discos de los años 1970...

(TP) ¿Existe algún tipo de rito para ti o cuál sería tu rutina a la hora de componer?   

(DR) Creo que para componer necesitamos reservar un lapso de tiempo en nuestra rutina donde nos sumergiremos en la composición sin ser interrumpidos por nuestros teléfonos celulares (que suelo dejar en modo avión), un timbre o cualquier otro distracción.  No hay un tiempo concreto, pero es necesario que haya esa concentración.  Tampoco puede ser por poco tiempo, unas horas es lo ideal, porque es la única manera en que la pieza fluye, pero no siempre conseguimos ese descanso por la rutina.  Utilizo tanto papel como el ordenador en el proceso de composición.  Los primeros borradores están disponibles incluso antes de que se cree la partitura real.  El segundo paso es pasar a la computadora donde edito la escritura, estructura, instrumentación y desarrollo de la canción.  Luego imprimo la partitura y hago los ajustes finales a las técnicas instrumentales y gestuales a mano.  

 (TP) Danilo, a principios de 2022 te pedí un trabajo de música electrónica y guitarra, de ahí nació Ondas-sombras-reflexos.  ¿Cómo fue componer esta obra?  ¿Tenías algún conocimiento previo de guitarra?  Sabemos que usted ya había escrito una obra, dedicada a Sérgio Ribeiro, ¿podría hablarnos un poco sobre esa obra también? 

  (DR) Sí, en 2020 ya había compuesto una pieza para guitarra y electrónica, Microrreflexões, dedicada a Sérgio Ribeiro.  Las dos obras, Microreflexões y Ondas-sombras-reflexos, tienen la electrónica sobre un soporte fijo, es decir, están previamente compuestas y fijadas en un archivo de audio.  La mayor preocupación con la música mixta es el tiempo, ya sea el tiempo de escritura del instrumento acústico o el tiempo de la electrónica.  Para ello hay que tener cuidado, en el caso de la música sobre soporte fijo, de escribir la partitura instrumental y la interacción con los sonidos electrónicos en espacios de tiempo calculados, con técnicas, figuraciones y gestos factibles.  No soy un guitarrista de formación pero conozco el instrumento y sus posibilidades.  Esto proviene de escuchar mucho piezas clásicas y contemporáneas en el instrumento.  Creo que esta es una de las grandes necesidades de los compositores, escuchar.

(TP) Como profesor de composición, ¿qué destacarías para que tus alumnos presten más atención a la creación?  

 (DR) Hay una frase atribuida a Schoenberg en la que afirma que para componer intentaba olvidar todas las teorías.  Creo que es una de las formas: sobre todo cuando el alumno recién comienza, generalmente se siente atado por los conocimientos adquiridos en las materias de contrapunto, armonía, teoría, etc.  La idea de composición es exactamente la contraria, hay que soltarse y dejar fluir la mano, y esto es un ejercicio, no sale de forma natural.  Por supuesto, en algún momento tendremos que revisar lo que escribimos para ver si realmente es lo que queremos, pero el momento de “soltar” es importante.  Otro punto es la técnica de composición.  Desde la idea, desde la fluidez, podemos utilizar técnicas de composición que hemos aprendido, y esto ayuda a darle consistencia a la pieza que estamos trabajando.  Por último, destacaría la creación en nuestra mente de imágenes sonoras, en definitiva, imaginar el sonido que queremos en una determinada pieza. 

  (TP) Vi en tus artículos y trabajos que hay interés por el trabajo colaborativo.  ¿Podrías hablar un poco sobre eso, el concepto y cómo ha sido para ti?   

(DR) El trabajo colaborativo es esencial, especialmente para nosotros, compositores, intérpretes, analistas, musicólogos, educadores que estamos en las universidades.  La música es colectiva y estos límites son cada vez más difusos.  Aprendemos mucho de la colaboración y creo que nuestro papel es fomentar esta actitud en los estudiantes.  El trabajo creativo sólo puede beneficiarse de la colaboración, ya que lleva la creación a otro nivel en el que las decisiones se toman en conjunto, basándose en la interacción, y no solo por parte de un individuo.  En este contexto, los ensayos preparatorios son muy importantes para la toma de decisiones, ya que cada nueva pieza tiene una historia, una vida propia, es decir, una búsqueda por darle forma a su singularidad.  Es necesario hacer que esta vida brote y se desarrolle a su manera.   

 

English version

 In 2022, I invited Danilo Rossetti to write a composition for guitar and electronics in which he could, as a performer, reflect Ibero-American sounds and plucked strings.  With surprise and satisfaction, my colleague from Music/UFMT promptly responded to my request with Ondas-sombras-reflexos and thus we began a rich and promising musical contact.  Below is an interview with Danilo Rossetti.

 (TP) How did you start composing?  When did you first realize you wanted to be a composer?  Which composers interested you first?

 (DR) I realize that my first interest, and to this day, is sound, timbre, harmony.  I have always, from a very young age, loved musical instruments, being able to sit and spend a lot of time playing the sounds of a piano, for example.  Little by little this interest in sound took on new air through electronic instruments and synthesizers, with which I discovered another world of sound.  As for preferences, I have a special interest in the sound of Renaissance and Baroque music, in how harmony is conducted during this era.  At university I became very close to the works and writings of Xenakis, mainly through the study of the question of time.  I also approach the works of composers who studied Cologne (Ligeti, Stockhausen) and spectralism (Grisey, Murail).  Currently I am very interested in listening to free jazz and other works related to improvisation and articulation of large forms.

 (TP) Regarding "articulation of large forms", could you give us an example?  Would they be long-lasting and complex works?

 (DR) It could be the great improvisations of Keith Jarrett or the long compositions of Egberto Gismonti or Naná Vasconcelos.  I'm thinking of records from the 1970s...

 (TP) Is there some type of ritual for you or what would be your routine when composing?

 (DR) I think that in order to compose we need to reserve a period of time in our routine where we will immerse ourselves in the composition without being interrupted by our cell phones (which I usually leave on airplane mode), a doorbell or any other distraction.  There is no specific time, but there needs to be that concentration.  It can't be for a short time either, a few hours is ideal, because it is the only way in which the piece flows, but we don't always get that break due to routine.  I use both paper and the computer in the composition process.  Early drafts are available even before the actual score is created.  The second step is to move to the computer where I edit the writing, structure, instrumentation and development of the song.  I then print the score and make final adjustments to the instrumental and gestural techniques by hand.

 (TP) Danilo, at the beginning of 2022 I asked you for a work on electronic music and guitar, from there Ondas-sombras-reflexos was born.  What was it like to compose this work?  Did you have any background knowledge of guitar?  We know that you had already written a work, dedicated to Sérgio Ribeiro, could you tell us a little about that work as well?

 (DR) Yes, in 2020 he had already composed a piece for guitar and electronics, Microrreflexões, dedicated to Sérgio Ribeiro.  The two works, Microreflexões and Ondas-sombras-reflexos, have the electronics on a fixed support, that is, they are previously composed and fixed in an audio file.  The biggest concern with mixed music is time, whether it's the writing time of the acoustic instrument or the time of the electronics.  To do this, care must be taken, in the case of music on a fixed medium, to write the instrumental score and the interaction with electronic sounds in calculated time periods, with feasible techniques, figurations and gestures.  I am not a trained guitarist but I know the instrument and its possibilities.  This comes from listening to a lot of classical and contemporary pieces on the instrument.  I think this is one of the great needs of composers, to listen.

 (TP) As a composition teacher, what would you highlight so that your students pay more attention to creation?

 (DR) There is a phrase attributed to Schoenberg in which he states that in order to compose he tried to forget all theories.  I think it is one of the ways: especially when the student is just starting out, he generally feels bound by the knowledge acquired in the subjects of counterpoint, harmony, theory, etc.  The idea of ​​composition is exactly the opposite, you have to let go and let your hand flow, and this is an exercise, it does not come naturally.  Of course, at some point we will have to review what we write to see if it is really what we want, but the moment of “letting go” is important.  Another point is the composition technique.  From the idea, from the fluidity, we can use composition techniques that we have learned, and this helps give consistency to the piece we are working on.  Finally, I would highlight the creation of sound images in our minds, in short, imagining the sound we want in a certain piece.    

 (TP) I saw in your articles and works that there is interest in collaborative work.  Could you talk a little bit about that, the concept and what it's been like for you?   

(DR) Collaborative work is essential, especially for us, composers, performers, analysts, musicologists, educators who are in universities.  Music is collective and these limits are increasingly blurred.  We learn a lot from collaboration and I believe that our role is to foster this attitude in students.  Creative work can only benefit from collaboration, as it takes creation to another level where decisions are made together, based on interaction, and not just by one individual.  In this context, preparatory rehearsals are very important for decision-making, since each new piece has a story, a life of its own, that is, a search to give shape to its uniqueness.  It is necessary to make this life sprout and develop in its own way.