sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

O Violão em 2021: a atuação de Amanda Carpenedo.

 

Amanda Carpenedo

Currículo Lattes: Amanda Carpenedo é Mestra em Música no ramo da Performance pela Universidade de Aveiro, Portugal, e possui os títulos de Bacharelado em Violão e Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo recebido Láurea Acadêmica em ambas as graduações. Atua nas áreas de ensino, investigação, criação, produção e performance. No Brasil, Argentina e Portugal, participou de diversos eventos como Festival de Inverno de Santa Maria, Festival de Violão da UFRGS, Festival Internacional SESC de Música, Encuentro Internacional de Guitarra Clássica La Falda, Hands-On Guitar (Hands-On Research Symposium), onde teve aulas com violonistas consagrados como Álvaro Pierri, Eduardo Fernandez, Paulo Martelli, Eduardo Isaac e Thomas Viloteau. Em sua formação acadêmica foi bolsista do Núcleo de Música Improvisada sob orientação do Prof. Adolfo Almeida Jr. e monitora da disciplina Práticas Instrumentais - Violão, orientada pela Prof.ª Flávia Domingues Alves, auxiliando na elaboração de materiais didáticos e ministrando aulas coletivas de violão. Na área de ensino, foi selecionada em 1º lugar como professora substituta de música no Colégio de Aplicação da UFRGS, onde atuou de 2015 e 2016 e professora substituta de violão no Instituto Federal do Rio Grande do Sul em 2021. Na pesquisa tem se dedicado a estudar e desenvolver técnicas, exercícios e arranjos para violão solo utilizando recursos percussivos, apresentando seus resultados em simpósios, encontros e revistas acadêmicas. No ramo da performance integrou o trio Damas do Violão com Flávia Domingues Alves e Fernanda Kruger, de 2014 a 2018, e também foi membro da Camerata Violões de Porto, em Porto Alegre, RS, desde a formação original em 2017 até 2018. Em 2019 realizou importantes concertos com a Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins, com destaque para a turnê europeia com a qual se apresentou em cinco países e um concerto na prestigiada Casa da Música no Porto. Como solista atuou em diversos eventos no Brasil, Argentina, Portugal, França e Espanha. Em 2017 ganhou o 1º lugar no I Concurso de Violão Fábio Lima - Homenagem a Henrique Pinto, em Curitiba, PR.

 

- Amanda, você empreendeu uma diversidade de atividades durante o ano de 2021, das quais eu observei algumas: conferencista no 21st Century Guitar, em interlocução com Stephen Goss; concertista no Festival de Teresina; administradora de seu canal no YouTube e, recentemente, professora substituta de Violão no Instituto Federal. Parabéns!!

(AC) Muito obrigada!

 

- Como separar e fundir tantas atuações a partir de sua formação? É preciso se reinventar? Comente um pouco sobre isso.

(AC) Então, acho que a gente não consegue parar muito quieta, não é mesmo? (risos)

Ao longo da minha carreira eu tenho me percebido cada dia mais plural em termos de atuação profissional. Seja tanto pela minha curiosidade e paixão pelas variadas áreas de atuação, como também por necessidade. Acho que uma coisa vai levando à outra e isso vai provocando um efeito curioso, uma certa inquietação que acaba dando resultados de uma forma bastante natural. Em minha pesquisa de mestrado, por exemplo, eu me vi ligando pesquisa, criação e performance tudo ao mesmo tempo. E os resultados desta experiência tem sido incríveis. Agora, quanto à pergunta sobre se reinventar, acredito que todos nós passamos por este momento ao longo desses dois anos de pandemia. Foi um período de frustração, reflexão e mudança, onde tivemos que buscar alternativas para nossos trabalhos. Acho que ter um projeto ou algo que nos motivasse tornou-se fundamental.

 

- Não podemos ignorar os dois anos da pandemia – o que essa sua atuação diversificada se liga com os aspectos telemáticos impostos pelo afastamento social? Ou seja, acredito que você tenha transformado parte de sua rotina e atitudes perante a performance e ensino. Comente um pouco sobre isso.

(AC) Eu percebo esse momento que vivemos como algo muito transformador. Nós artistas fomos duramente prejudicados e tivemos que aprender como lidar com essa nova fase. Para mim foi muito interessante a forma como as redes sociais nos conectaram e expandiram o alcance dos nossos trabalhos. Esta parte com certeza foi muito importante. Fico orgulhosa em perceber que uma das primeiras lives produzidas com a participação de violonistas (Concerto na Toca em março de 2020) foi idealizada por mim e teve uma alta receptividade do público. Pessoalmente, produzir um concerto online foi desafiador, mas ao mesmo tempo, foi um grito de resistência em tempos tão incertos. Outro ponto interessante foi a possibilidade de participar de inúmeros cursos, congressos e apresentações que ocorreram no mundo todo de forma online. Impossível negar a gigantesca democratização à essas experiências. Com relação às práticas de ensino foi um pouco mais tranquilo, eu já morava em Portugal e dava aulas online para alunos residentes no Brasil. Ao regressar para Porto Alegre eu mantive as aulas online e tive a oportunidade de dar aulas para alunos espalhados em vários estados brasileiros. Acredito que esta seja uma prática que veio para ficar.

 

- Você estudou em Portugal e atuou em várias localidades durante o período. Algumas pessoas pensam nos estudos no exterior, para além da formação, como uma oportunidade para currículo e construção de uma carreira. O que você pensa sobre a busca de estudos de violão no exterior?

(AC) Perfeita a sua colocação. Quando pensei em estudar no exterior foi como você disse, era uma inquietação que eu tinha para além da formação acadêmica. No meu caso eu tinha um desejo em conhecer o mundo e expandir minhas experiências pessoais e profissionais. Acho que a busca por estudar fora do país é algo muito particular de cada pessoa, cada um terá seus objetivos, mas para mim a experiência foi algo muito maior do que estar entre as paredes da academia. Falando um pouco do que vivi durante meu mestrado, para além das aulas e muuuitas horas de pesquisa e prática do instrumento, eu tive também a oportunidade de participar como solista de festivais internacionais de violão e também integrar uma orquestra de guitarras e bandolins, o que proporcionou, não apenas diversos concertos em Portugal, como também uma turnê por cinco países europeus. Essas experiências são raras e preciosas. Acho que independente dos objetivos de cada um, é recomendado que a pessoa, ao sair para estudar no exterior, abrace com muito carinho cada uma das oportunidades que aparecerem.

 

- Sobre seu trabalho de Mestrado, que gerou um importante estudo escrito (A elaboração de arranjos para violão solo utilizando recursos percussivos http://hdl.handle.net/10773/30576 ), vejo-o pela forte prática musical, que tem um processamento contemporâneo de relação do Timbre e do Ritmo à frente dos parâmetros do repertório tradicional e pela fusão de estilos, que expande o violão; você organiza muito bem isso em seu trabalho acadêmico. Como você vê essas possibilidades?

(AC) Muito obrigada pelas considerações. Este trabalho nasce de uma busca muito pessoal pela minha identidade artística. Por muitos anos me apresentei tocando repertórios já estabelecidos dentro da academia e, apesar de apreciar os variados períodos e estilos musicais, eu sentia que fazia um pouco mais do mesmo. Havia uma certa divergência sobre minhas práticas no palco e o que eu ouvia e criava em casa, em um ambiente mais descontraído. Em 2017, ainda cursando bacharelado na UFRGS, me aventurei a escrever um trabalho, apresentado em um Simpósio em Belo Horizonte, sobre um estilo ainda pouco falado dentro dos cursos de violão e sobre o qual me interessava muito: o fingerstyle. Sendo uma das pioneiras a escrever sobre este assunto, muitos convites interessantes começaram a surgir e eu vi neste tema uma grande possibilidade de pesquisa. Ao ingressar no mestrado decidi que não iria virar as costas para minhas origens dentro da escola conhecida como “erudita”, mas sim iria criar, através de arranjos para violão solo, uma prática que envolvesse uma espécie de hibridismo entre às características livres e percussivas do violão fingerstyle com as técnicas da escola erudita dentro de um repertório carregado de riqueza dos ritmos brasileiros. Foi neste caldeirão de influências que nasceu minha pesquisa intitulada “A elaboração de arranjos para violão solo utilizando recursos percussivos”. Com relação as possibilidades que citaste, eu vejo essa prática como uma novidade, algo que já está pulsando dentro e fora das academias. Há mais canais de integração entre outros músicos praticantes dessas técnicas integradas e há também muitos trabalhos surgindo, bem como arranjos e composições. Acho que muito em breve estaremos com estas técnicas estabelecidas, proporcionando inúmeras ferramentas para arranjadores, compositores e instrumentistas. Fico muito feliz e honrada em fazer parte desta construção.

 

- E seus planos para 2022?

(AC) Os planos para o ano que vem serão dar continuidade nas minhas atividades como professora de violão e agora integrando oficialmente também o corpo docente do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, fato que muito me honra. No campo da pesquisa eu pretendo seguir escrevendo e criando arranjos com as técnicas percussivas, divulgando meus trabalhos e aprofundando-os ainda mais. Espero que com as coisas voltando ao normal eu consiga visitar universidades e instituições de ensino de diferentes lugares do Brasil para realizarmos oficinas e workshops, acredito que isto proporcionará uma ampliação do meu trabalho e trocas importantes. Espero que em 2022 tenhamos muitos concertos presenciais e que possamos levar nossa arte para muitas pessoas. Com esse nosso contexto atual, nossa sociedade necessita com urgência de muita arte, cultura e educação. Tenhamos fé! Feliz ano novo!

- Feliz 2022!

 

 

Para conhecer/seguir:

vídeos Amanda Carpenedo/ Canal do YouTube

 La Toqueteada - Thiago Colombo

Parazula - Celso Machado


quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

O violão em 2021: alguns momentos.

 

Seguimos com uma seleção de alguns dos eventos de 2021 – online, em sua grande maioria – em que, de várias maneiras, a performance de violão de música de concerto atual foi abordada, ampliando o repertório de tendências contemporâneas.

 

 22-26 de março de 2021 - The 21st Century Guitar - International Virtual Conference (CESEM/UNL-Portugal, online) abordou performance, técnicas estendidas, composições e pedagogia. Comunicações e performances.

Presença dos brasileiros: Amanda Carpenedo; Belquior Guerrero; Daniel Escudeiro; Diogo Salmeron Carvalho; Edson Tadeu Ortolan; Felipe Ribeiro; Fernando Kozu; Guilherme Kanatomi de Medeiros; José Daniel Telles dos Santos; Leo Benedetti; Ricardo de Oliveira Thomasi; Samuel Peruzzolo Vieira.

página/links do evento:  http://www.21cguitar.com/keynotes

vídeos: https://www.youtube.com/channel/UC9TYe0gsNWDTTmwh7xNx2ag

 

27 de março de 2021 - Suíte Smetak - Prêmio Funarte Respirarte - coletivo Microcaos. 

Vídeos no canal do violonista Wladimir Bomfim: https://youtube.com/user/trovadorposmoderno

 

maio/julho de 2021 - Encontro da Música Brasileira

- em 17/05/2021 - Violão na música brasileira: ineditismo, estreias e pesquisa - com Marcelo Brombilla; mediadora: Thais Nicolau

- vídeo no canal Tomada Um (UDESC): https://www.youtube.com/watch?v=aQmWnTiV82s&t=1794s

- Marcelo Brombilla interpreta "Cyclus", de Lourdes Saraiva

vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=hy9ZZcMrf0c

 

- em 19/05/2021 - Entrevista sobre Música Indígena e Nutai Onapai - com o compositor Acácio Piedade; mediadora: Thais Nicolau

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gZ8rDLmRNkc

vídeo Marcelo Brombilla interpreta "Nutai Onapa", de Acácio Piedade:  

https://www.youtube.com/watch?v=94etRZ5uxaw 

 

- em 27/07/2021 - A obra para violão de Marcus Siqueira - com Gilson Antunes; mediador: Bruno Madeira

vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=601C1jfp7pI&t=4s

 

10 de setembro de 2021 - Fábio Zanon e Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), regência de Neil Thomson, executam o Concerto para violão e Orquestra (1975) de Francisco Mignone.

Vídeos: https://youtu.be/OOaSHs6a7m0

https://youtu.be/l9ZceWKZwfE


setembro de 2021 - Festival de Música Contemporânea Brasileira Edino Krieger - Fundação Catarinense de Cultura (Edital Elisabete Anderle) e Tomada Um (UDESC), com apresentação de estreias e debates:

 - em 27/09/2021 - Por trás da partitura: com Acácio Piedade e Leonardo Mueller.

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=A0NUOvsUb0s&list=PLQgz3t7ZhW_UvbYajYN18HsHnR-4_2dfl&index=19

- Leonardo Mueller interpreta Devaneio de Acácio Piedade

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=YyNEkY9tV3c&list=PLQgz3t7ZhW_UvbYajYN18HsHnR-4_2dfl&index=15

 

- em 28/09/2021 - Por trás da partitura: com Lourdes Saraiva e Luiz Mantovani.

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=DwGbn8Het-E&list=PLQgz3t7ZhW_UvbYajYN18HsHnR-4_2dfl&index=20

- Luiz Mantovani interpreta Quatro Poemas para Violão de Lourdes Saraiva

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=aEFsH_ZAzrs&list=PLQgz3t7ZhW_UvbYajYN18HsHnR-4_2dfl&index=16

 

24 de outubro de 2021 - A violonista Elodie Bouny fez o Concerto de Abertura dos Festivais de Outono em Aveiro, Portugal, realizando a estreia de sua obra Nodus, com a Orquestra Filarmonia das Beiras, regência de Renata Oliveira.

Vídeo: https://youtu.be/VmnQOE9iyjg


 26 a 31 de outubro de 2021 - IV Semana Hespérides

Núcleo Hespérides - Música das Américas apresentou diversos concertos com transmissões ao vivo.

- em 31/10/2021 - o Concerto “Fluxos Telemáticos” teve apoio de USP; Universidade da  California, Riverside – EARS; Depto. de Artes da UFMT e trouxe obras do compositor Paulo C. Chagas, com Cássia Carrascoza (flauta), Eliane Tokeshi (violino) e Sérgio Ribeiro (violão). Estreia da obra Three Miniatures para violão.

vídeo: https://youtu.be/qeRaW1K-ArQ

 

01-04 de novembro de 2021 - AssoVio Vertentes – Festival Escrita Fina – Composição em Pauta - 24 estreias de obras em várias tendências.

canal: https://www.youtube.com/results?search_query=festival+escrita+fina

 

13-21 e 30 de novembro de 2021 Bienal de Música Brasileira Contemporânea promoveu estreias de violão. A tradicionalíssima Bienal de Música Brasileira foi criada por Edino Krieger e Myrian Dauelsberg em 1975, no Rio de Janeiro. Com apoio da Fundação Nacional das Artes (FUNARTE) e apresentação (presencial e transmissão ao vivo) na Sala Cecília Meirelles, a XXIV Bienal teve as seguintes obras para violão:

 

- em 13/11/2021 - Ivan Paparguerius – Concertino para violão (2021 – estreia)

Ivan Paparguerius (violão)

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=mIuMBrUUQH8&list=PL5mP5ut65rSJshMEZnUO5EOkBZ_X85tcI

 

- em 17/11/2011

Harry Crowl – Sonata Fantástica para violão (2021 – estreia)

Celso Faria (violão)

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Ho3u7RIO0xY&t=3929s

 

Márcio Guelber – Paisagens possíveis para violão de sete cordas (2021 – estreia presencial)

Márcio Guelber (violão de sete cordas)

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Ho3u7RIO0xY&t=3929s

 

Daniel Ganc – Frenesi – dois momentos para violão solo (2021 – estreia)

Fábio Adour (violão)

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Ho3u7RIO0xY&t=3929s

 

- em 30/11/2011

Lucca Totti – Pedra e seca às vezes raízes para violão solo (2020)

Marco Lima (violão)

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Q52iP1qr7xk&list=PL5mP5ut65rSJshMEZnUO5EOkBZ_X85tcI&index=11

 

Roberto Victório – D’Jar para dois violões (2017 – estreia)

Fábio Adour e Sérgio Ribeiro (violões)

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Q52iP1qr7xk&list=PL5mP5ut65rSJshMEZnUO5EOkBZ_X85tcI&index=11 

 

Mário Ferraro – Sobre aquele velho carvalho à beira da estrada para dois violões e quarteto de cordas (2017 – estreia no Brasil) Fábio Adour e Marco Lima (violões); Quarteto Suassuna: Andreia Carizzi e Luiz Felipe Ferreira (violinos), Samuel Passos (viola) e Glenda Carvalho (violoncelo)

vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Q52iP1qr7xk&list=PL5mP5ut65rSJshMEZnUO5EOkBZ_X85tcI&index=11

 

26 de novemvro de 2021 - Lançamento do CD Obras Brasileiras para Violão, de Fábio Scarduelli. 

vídeo: https://youtu.be/ARVBSlgztOI


01-04 de dezembro de 2021 - Encontro Violonístico 2021 (Depto. Música de UFPB)

programação completa/vídeo: https://youtu.be/t0hcRS6nEj4

- em 01/12/2021 - Belquior Guerrero - Palestra: Música para violão e eletrônica.

vídeo: https://youtu.be/y2EG3bwzcaU

 

10 de dezembro de 2021 - 55.º Festival Música Nova (USP- Ribeirão Preto). Concerto de violão e viola, com Gustavo Costa, estreias e arranjos. 

Vídeo: https://youtu.be/XA4IW6pg_sM


10 de dezembro de 2021 - Fábio Zanon realizou a estreia brasileira de Troubadours de John Corigliano  com a Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (OSUSP), regência de Abel Rocha.


29 de dezembro de 2021 – O compositor Danilo Rossetti apresenta versão preliminar de sua obra Microrreflexões (2020) para violão e eletrônica, em performance do violonista Sérgio Ribeiro. Plataforma SoundCloud: https://m.soundcloud.com/danilorossetti/microrreflexoes?fbclid=IwAR0dzvoiWrYCqKOBwSMXPA6um6sOGBPD4hlwv3sshWh5BFY5geIKREb3Ogg

 

Leo Brouwer - Por meio de Ediciones Espiral Eterna (www.eeebrouwer.com ), o renomado compositor cubano Leo Brouwer (1939-) divulgou vídeo completo de La Gran Sarabanda (2018) em versão estendida. 

- video La Gran Sarabandahttps://youtu.be/5OV33-_Ly9Q com o violonista Chinnawat Themkumkwun.

Importante lançamento de 2021 foi o CD Canciones Bach-Brouwer de canto e violão/alaúde, com o contratenor Andreas Scholl e o violonista Edin Karamazov.

- vídeo El Cantar de los Cantares, de Leo Brouwer: https://www.youtube.com/watch?v=GVFUrumrB4s

plataformas: https://lnk.to/canciones



Para conhecer/seguir:

- Brazilian Classical Guitar Comunity - iniciativa a partir de 2020 de jovens violonistas brasileiros, apresentando tendências diversas da composição brasileira para violão.

 https://www.youtube.com/c/BrazilianClassicalGuitarCommunity


- Associação Internacional de Violonistas Compositoras:

https://youtube.com/channel/UCZ7U_Qng4thLxsL2SLattEQ


- Coletivo Brasileiro de Mulheres Violonistas:

https://youtube.com/channel/UCjl4bOdDBlyh2Wt1vJss4Hw


- Acervo Digital do Violão Brasileiro 

https://youtube.com/channel/UCZ7U_Qng4thLxsL2SLattEQ


- GuitarCoop

https://youtube.com/c/GuitarCoop

Vídeo Paris Texas (Cinema Paradiso) de Stephen Goss, com Zoran Dukic:

https://youtu.be/_mcSMsGESZc 


Homenagens a Rê Montanari:

https://youtu.be/G3nTtxy-JLs

https://youtu.be/F53q4OS8Pd4


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 

O violão em 2021: a atuação de Bruno Madeira.

2021 apresentou muitos momentos de superação, que iremos relembrar aqui. Vamos começar com Bruno Madeira, violonista brasileiro que trouxe tantos prêmios, alegrias e encorajamento para os violonistas, diante de várias incertezas.

 

Foto: Daniela Rivera Madeira

 

 

Currículo Lattes: Premiado em festivais e concursos no Brasil, Itália, Estônia, Panamá, Finlândia, Albânia, Kosovo, Bulgária, Romênia e Lituânia, o músico catarinense Bruno Madeira vem se destacando nos últimos anos como solista, professor e pesquisador. Bacharel, Mestre e Doutor em Música pela Universidade Estadual de Campinas, Bruno se apresentou em mostras, seminários, festivais, salas e séries de concertos do Brasil e exterior. Destacam-se os recitais no Centro Cultural São Paulo e SESC Vila Mariana (São Paulo/SP), Quartas Clássicas - BNDES (Rio de Janeiro/RJ), Palcos Musicais (Londrina/PR), Casa da Música (Porto Alegre/RS), Casa Thomas Jefferson (Brasília/DF), SESC Paço da Liberdade e Museu Guido Viaro (Curitiba/PR), Festival de Música de Ponta Grossa (PR), Seminário de Violão de Itajaí (SC) e Festival de Música Erudita do Espírito Santo (Vitória/ES). Apresentou-se internacionalmente como solista na Argentina, Alemanha, Equador, República Tcheca e Eslováquia. Bruno também se apresentou como camerista em diversas formações, com Lucas Madeira (flauta), Ana Carolina Sacco (soprano), Leonardo Feichas (violino) e Samuel Pontes (piano). Com esses duos, apresentou-se nas séries SESI Música (São Paulo), SESI Música Erudita (São Paulo), SESC Sonoro (Paraná), SESC Caiçuma das Artes (Acre), além de concertos em Campinas, Vinhedo, Taubaté, Bananal, São José dos Campos (SP), Florianópolis, Itajaí (SC), Itajubá (MG), Buenos Aires e La Plata (Argentina). Foi vencedor de prêmios de interpretação musical em concursos nacionais e internacionais, entre eles os de Florença (Itália), Tampere (Finlândia), Ciudad de Panamá (Panamá), Tallinn (Estônia), Cluj-Napoca (Romênia), Plovdiv e Pleven (Bulgária), Tirana (Albânia) e Birštonas (Lituânia). Destacam-se ainda as premiações de Melhor Intérprete de Villa-Lobos no Concurso Nacional Villa-Lobos, e primeiros lugares nos concursos J. S. Bach (São Paulo), Tatuí, Maurício de Oliveira (Vitória), e Fred Schneiter (Rio de Janeiro). Tem artigos publicados em respeitados congressos e revistas nacionais e internacionais, dos quais se destacam as pesquisas sobre aspectos técnicos do violão e o gesto corporal na performance. Atualmente Bruno é professor da Universidade do Estado de Santa Catarina, responsável pelas classes de violão dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Música e sendo regularmente convidado para realizar concertos, oficinas, palestras e masterclasses em festivais, universidades e conservatórios.


Bruno, você obteve uma excelente atuação em concursos internacionais durante todo o ano de 2021. Parabéns!!

(BM) Obrigado!

 

Quantos concursos foram?

(BM) Foram 22 participações em concursos da Europa, América Central e Ásia, com 10 prêmios.

 

Algumas pessoas pensam nos concursos como uma fase importante para currículo e construção de uma carreira. O que você pensa sobre os concursos?

(BM) Vejo que fazer concursos é um entre os muitos tijolos possíveis para se construir uma carreira. Isso se dá pelos prêmios em si, que às vezes são concertos ou aulas no festival do ano seguinte, pelos contatos que se fazem com a organização, júri e outros participantes, e pela visibilidade e credibilidade que os prêmios dão. Para além disso, eu acredito também na perspectiva dos concursos como ótimos impulsos para o desenvolvimento musical, é uma forma de se colocar um objetivo com prazo definido e de se preparar ao máximo para atingi-lo, expandindo limites. Porém, isso tudo tem um preço, a repetição do mesmo repertório por muito tempo é cansativa, às vezes o frescor de se fazer música se perde. Mas mesmo nesse caso, é interessante o desafio de olhar a música por outros ângulos para mantê-la viva. Os concursos têm apresentado candidatos em altíssimo nível e muitas vezes o resultado é definido por um mínimo detalhe ou até mesmo alguma inclinação pessoal do júri a uma determinada forma de ver a música. E isso não poderia deixar de ser, já que são pessoas, e não máquinas, que estão julgando. Ainda há o problema de se julgar quantitativamente uma atividade artística: fazer um primeiro filtro até é razoavelmente possível, mas depois de um certo nível, não é mais. De forma geral, em concursos desse tipo se percebe uma preferência por alguns intérpretes em detrimento de outros, mas mesmo assim há diferenças nos resultados quando os mesmos candidatos são avaliados por bancas diferentes. O que quero dizer é que o resultado de um concurso não representa quão bom ou ruim é um músico, mas qual performance teve mais impacto naquele exato momento, para aquele grupo exato de pessoas do júri, cada um com seus critérios objetivos e subjetivos.

 

Dentro do que você se propôs inicialmente, qual o balanço que faz dessa empreitada?

(BM) Ainda estou processando a quantidade de informações e repercussões, mas considero que o balanço foi muito positivo! Em termos de resultados, foi no segundo semestre de 2021 que eles vieram em peso, porque eu já contava com importantes experiências anteriores em relação a vários aspectos – seleção das músicas, técnica instrumental, rotina de estudos, musicalidade, acústica, horários e duração das sessões de gravação, equipamentos de áudio e vídeo, programas de edição, iluminação... Essa bagagem fez bastante diferença! Em termos de engajamento, também foi um ano muito positivo, muita gente conheceu (ou conheceu melhor) meu trabalho e estreitei muitos laços, em especial com a incrível campanha pelo prêmio de público do concurso de Gemona del Friuli, na Itália.

 

Não podemos ignorar os dois anos da pandemia – o que essa sua atuação se liga com os aspectos telemáticos impostos pelo afastamento social? Ou seja, acredito que você tenha transformado parte de sua rotina e atitudes perante a performance. Comente um pouco sobre isso.

(BM) O motivo pelo qual eu fiz tantos concursos foi justamente a impossibilidade de se fazer concertos presenciais. 2019 tinha sido para mim um ano intenso, com muitos concertos solo e de música de câmara em variadas formações. Em 2020 isso se reduziu a zero, e a partir da metade do ano vi a possibilidade de se fazer esses concursos online, principalmente na Europa, onde há muitos. Eu já havia participado presencialmente de festivais e concursos por lá, mas os custos e o tempo necessário seriam impeditivos para a quantidade de concursos que fiz nos últimos meses. Em 2021 os concursos foram um dos meus maiores focos de atividade, o que gerou importantes reflexões sobre rotina de estudos, técnica, interpretação e aspectos psicológicos da performance. Acho especialmente relevante mencionar esses últimos, porque a experiência de se gravar um vídeo é muito diferente da de um concurso presencial. A possibilidade de parar e começar de novo é uma faca de dois gumes, ela dá uma nova chance para corrigir algum erro ao mesmo tempo que dificulta a espontaneidade da performance. Conseguir se concentrar na música tendo isso em vista exigiu que eu pensasse sobre essa preparação psicológica de formas que eu nunca tinha pensado antes.

 

Em termos de peças de confronto e obras contemporâneas, como está a relação do repertório tradicional e o repertório mais recente para violão? O que os concursos que você fez demonstram quanto a isso?

(BM) Quase sempre os concursos exigem dos candidatos um repertório de diferentes períodos históricos, mas essa é uma preocupação importante para mim mesmo quando o repertório é livre. Percebo um bom equilíbrio entre músicas mais novas e mais antigas, e também entre repertório mais e menos conhecido, apesar de nesse caso a balança pender um pouco mais para as mais tradicionais. Achei particularmente desafiadores e interessantes alguns concursos que comissionaram obras novas justamente para a ocasião, como a de Leo Brouwer para o concurso 2 in 1 de Tampere/Petrer (Finlândia e Espanha), de Stephen Goss para o de Changsha (China), e a da Ximena Matamoros para o do Panamá. Isso de certa forma dá chances mais parecidas para os candidatos, além de incentivar a composição e interpretação da novíssima música contemporânea.

 

E projetos para 2022?

(BM) No fim desse ano gravei meu primeiro álbum, com música latino-americana para violão solo, um projeto financiado pelo ProAC/SP. No repertório tem três peças que toquei bastante nos concursos, a Sonatina Meridional (Manuel Ponce), Whirler of the Dance (Carlos Rafael Rivera) e La Ciudad de las Columnas (Leo Brouwer). Além dessas, fiz a primeira gravação de Desterro (Maria Ignez Cruz Mello), uma obra muito interessante e praticamente desconhecida do público. Vou lançar o álbum no começo de 2022 nos principais serviços de streaming, além do vídeo pela plataforma #CulturaEmCasa, do ProAC. Contei com uma equipe excelente, o Henrique Caldas (produção musical/edição), Felipe Rinke (engenharia de som e vídeo), Ricardo Marui (mixagem e masterização), Daniel Cornejo (produção executiva) e Julian Brzozowski (arte gráfica). O trabalho foi feito com muito capricho, estamos na fase final para o lançamento. Além disso, se a pandemia deixar, estão previstos alguns concertos no Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, alguns com o repertório do álbum, outros com música brasileira para violão solo e um que talvez seja a estreia brasileira de Brazilian Landscapes n. 12 para flauta e violão (Liduino Pitombeira), no Festival de Música Contemporânea Brasileira, em Campinas.

 

 

Vídeos:

 Concurso Pleven Bulgária

Concurso Panamá - obra Ximena Matamoros