terça-feira, 26 de julho de 2016

Parte 2 - A Suite VII de Roberto Victorio



Vamos adiante com Roberto Victorio, compositor da Suite VII, para violão solo.

(TP) Roberto, antes de irmos para o próximo movimento da Suite VII, Círculos, gostaria de abordar com você a Exosarabanda, para seguirmos a ideia das denominações que orbitam nessa temática da forma em suítes.
O prefixo Exo vem no sentido de revestir algo? de uma sarabanda poder estar ali na sua essência, mas sempre guardando essa aproximação com certa discrição? à semelhança da ideia do Hiper? 

(RV) O sentido de "Exo" se aplica, na Astronomia, aos corpos que estão além das possibilidades perceptivas, que existem mas só se comprovam por dados matemáticos e não visíveis.

A ExoSarabanda nesse caso é uma aproximação da forma ou mais ainda da estrutura visível da Sarabanda que se reveste de um novo corpo estruturante, mas com referenciais que, paradoxalmente, a distanciam da expectativa da forma estabelecida no passado. 

No caso do "HiperLudio" ocorre quase a mesma coisa, porém a intenção primaz, e que reveste toda esta parte, é a complexificação das informações de uma peça de abertura que compõe uma grande forma e que deve conter os dados fundamentais e atomizados que darão vida ao corpo macro da Suíte.

(TP)  Círculos se situa dentro de um certo Aleatorismo, está ainda controlado pelas  alturas de notas, mas com uma escrita que permite uma sugestão rítmica.

(RV) Exatamente. É o centro nervoso da obra e que foi todo construído a partir de módulos/gestos instantâneos que surgem como flashes e vão compondo esta parte central com dados das duas anteriores e informações novas que serão empregadas de forma velada no decorrer da obra. Uma escrita que estabelece parâmetros para múltiplas execuções pela sua volatilidade: seja nas configurações dos módulos, na diversidade dos impulsos de cada gesto ou na variabilidade de espaços que serão criados a cada performance, sempre com as informações que criam uma unidade com os dados já ouvidos anteriormente e as novidades de cada informação que surge, atadas aos gestos passados, metamorfoseados.

(TP) Outra coisa que percebo – ainda sobre ser uma suite – é um enlace motívico entre os cinco movimentos e a consistência dos  contrastes dos andamentos (tranquilo; fluente; vigoroso; solene e vivo). 
Em Final ressurgem células desde o Hiperprelúdio.

(RV) Como disse anteriormente, os dados/flashes/gestos utilizados são retomados em "Final"- por vezes no estado "in natura" - à uma nova realidade sonora que teve como intenção primeira o aglutinar de informações como uma retomada do que foi utilizado e com o propósito de criar um corpo sonoro que - além do impulso natural de desfecho com o "punch" necessário para tal - trouxesse no seu escopo uma clara intenção: sonora e notacional, de um corpo único desmembrado em cinco grandes macro-arcos-sonoros que se sustentam pela unidade e paradoxalmente pela diversidade das informações que se transmutam.



Alguns dos gestos na Suite VII

HiperPrelúdio

EspirAllemande

Círculos

ExoSarabanda

Final

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.