Vamos adiante com
Roberto Victorio, compositor da Suite VII,
para violão solo.
(TP) Roberto, antes de irmos para o próximo movimento da
Suite VII, Círculos, gostaria de abordar com você a Exosarabanda,
para seguirmos a ideia das denominações que orbitam nessa temática da forma em
suítes.
O prefixo Exo
vem no sentido de revestir algo? de uma sarabanda poder estar ali na sua
essência, mas sempre guardando essa aproximação com certa discrição? à
semelhança da ideia do Hiper?
(RV) O sentido de "Exo" se aplica, na
Astronomia, aos corpos que estão além das possibilidades perceptivas, que
existem mas só se comprovam por dados matemáticos e não visíveis.
A ExoSarabanda nesse caso é uma aproximação da forma ou
mais ainda da estrutura visível da Sarabanda que se reveste de um novo corpo
estruturante, mas com referenciais que, paradoxalmente, a distanciam da
expectativa da forma estabelecida no passado.
No caso do "HiperLudio" ocorre quase a mesma
coisa, porém a intenção primaz, e que reveste toda esta parte, é a
complexificação das informações de uma peça de abertura que compõe uma grande
forma e que deve conter os dados fundamentais e atomizados que darão vida ao
corpo macro da Suíte.
(TP) Círculos se situa dentro de um
certo Aleatorismo, está ainda controlado pelas alturas de notas, mas
com uma escrita que permite uma sugestão rítmica.
(RV) Exatamente. É o centro nervoso da obra e que foi todo
construído a partir de módulos/gestos instantâneos que surgem como flashes e vão
compondo esta parte central com dados das duas anteriores e informações novas
que serão empregadas de forma velada no decorrer da obra. Uma escrita que
estabelece parâmetros para múltiplas execuções pela sua volatilidade: seja nas
configurações dos módulos, na diversidade dos impulsos de cada gesto ou na
variabilidade de espaços que serão criados
a cada performance, sempre com as informações que criam uma unidade com os
dados já ouvidos anteriormente e as novidades de cada informação que surge,
atadas aos gestos passados, metamorfoseados.
(TP) Outra coisa que percebo – ainda sobre ser
uma suite – é um enlace motívico entre os cinco movimentos e a consistência
dos contrastes dos andamentos (tranquilo; fluente; vigoroso; solene
e vivo).
Em Final ressurgem células desde o
Hiperprelúdio.
(RV) Como disse anteriormente, os dados/flashes/gestos
utilizados são retomados em "Final"- por vezes no estado "in
natura" - à uma nova realidade sonora que teve como intenção primeira o
aglutinar de informações como uma retomada do que foi utilizado e com o
propósito de criar um corpo sonoro que - além do impulso natural de desfecho
com o "punch" necessário para tal - trouxesse no seu escopo uma clara
intenção: sonora e notacional, de um corpo único desmembrado em cinco grandes
macro-arcos-sonoros que se sustentam pela unidade e paradoxalmente pela
diversidade das informações que se transmutam.
Alguns dos gestos na Suite VII
HiperPrelúdio |
EspirAllemande |
Círculos |
ExoSarabanda |
Final |
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